Os sonhos e as viagens astrais
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Entenda quais são os tipos de sonhos e qual é a diferença entre os sonhos comuns e as projeções astrais

O desprendimento do espírito encarnado, que lhe possibilita um afastamento momentâneo do corpo físico, é chamado na doutrina espírita de emancipação da alma. Neste estado, o espírito se projeta para fora do corpo físico denso, os laços energéticos ficam mais tênues e flexíveis e o corpo astral age com maior liberdade.

O sono é um estado no qual as atividades físicas motoras e sensoriais cessam. O ato de dormir, que consome um terço de nossas vidas, oferece não só propriedades restauradoras à organização física, mas também oportunidades de enriquecimento espiritual através das experiências vivenciadas enquanto dormimos. A lembrança desses fatos ocorridos durante o sono é o que chamamos de sonhos, que, de forma geral, não representam apenas uma fantasia da nossa mente, como muitos pensam.

A ciência oficial, ao analisar somente os aspectos fisiológicos das atividades oníricas (relacionadas aos sonhos), ainda não conseguiu conceituar clara e objetivamente tanto o sono como os sonhos. Sem considerar a emancipação da alma e sem conhecer as propriedades e funções do perispírito, fica realmente difícil explicar a variedade das manifestações que ocorrem durante o repouso do corpo físico. Sigmund Freud, o precursor dos estudos mais avançados nesta área, julgava que os instintos, quando reprimidos, tendem a se manifestar e uma das formas de manifestação seria por meio dos sonhos.

Através da codificação espírita, sobretudo no capítulo VIII de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec analisou a emancipação da alma e os sonhos em seus aspectos fisiológicos e espirituais, tecendo comentários muito importantes a respeito deles, tais como: o sono liberta a alma do corpo parcialmente; o espírito jamais está inativo; os sonhos representam a lembrança do passado e, às vezes, a previsão do futuro; adquire-se mais liberdade de ação, delimitada pelo grau de exteriorização. Esclarece também que podemos entrar em contato com outros espíritos, encarnados ou desencarnados, e explica que algumas pessoas, enquanto dormem, procuram espíritos que lhes são superiores, estudam, trabalham, recebem orientações e pedem conselhos. Outros procuram a companhia de espíritos perturbados, com os quais irão aos lugares aos quais se afinizam.

 

Classificação dos sonhos

No livro Estudando a Mediunidade, Martins Peralva propõe a seguinte classificação dos sonhos: os “comuns”, que repercutem nossas disposições físicas ou psicológicas; “reflexivos”, que exteriorizam impressões e imagens arquivadas na mente mais profunda do espírito (lembranças de vidas passadas); e “espíritas”, que se tratam de atividades reais e efetivas do espírito durante o sono, ou seja, as viagens astrais.

 

Sonhos comuns

São aqueles que refletem nossas vivências do dia a dia, havendo um envolvimento e uma dominação de imagens e pensamentos que povoam nosso mundo psíquico. Desligando-se parcialmente do corpo, o espírito se vê envolvido pela onda de imagens e pensamentos de sua própria mente, sejam as que lhe são afins ou do mundo exterior, uma vez que vivemos e nos movimentamos em um turbilhão de energias e ondas que vibram sem cessar.

Os sonhos comuns são muito frequentes em virtude da nossa condição espiritual e, neles, quase não há exteriorização perispiritual. São puramente cerebrais, simples repercussão de nossas disposições físicas ou preocupações morais, desejos reprimidos, além de refletirem impressões e imagens arquivadas no cérebro durante a vigília, ou seja, vivências ocorridas durante o dia, quando acordados.

Em um sonho comum, o espírito flutua na atmosfera sem se afastar muito do corpo. Ele mergulha, por assim dizer, no oceano de pensamentos e imagens que povoam sua memória, trazendo impressões confusas, estranhas visões e inexplicáveis sonhos, muitas vezes simbólicos.

Essas lembranças, assim como nos sonhos reflexivos, também estão arquivadas da mente do espírito, porém, na “superfície” da memória recente.

 

Sonhos reflexivos

Neles, há maior exteriorização da alma do que nos sonhos comuns. Caracterizam-se nesta categoria os sonhos nos quais a alma, ao abandonar o corpo físico, percebe as impressões e imagens arquivadas no subconsciente, inconsciente e superconsciente que estão gravadas na organização perispiritual. Tal registro é possível de ser realizado em virtude da projeção do corpo astral (perispírito), que coloca o espírito diante de fatos e paisagens remotos, desta ou de outras existências. Ocorrências de séculos e milênios estão gravadas indelevelmente em nossa memória, estratificando-se em “camadas superpostas”.

A modificação vibratória, ocorrida pela liberdade que o espírito passa a gozar no sono, o faz se relacionar com acontecimentos e cenas de eras distantes, que vêm à tona na forma de sonho. Os mentores espirituais poderão reviver acontecimentos de outras vidas para que as lembranças tragam esclarecimentos, lições ou advertências. Já os espíritos obsessores motivam tais recordações com a finalidade de nos perseguirem, causando-nos medo, desânimo, humilhação, e até mesmo a fim de nos hipnotizar, desviando-nos dos objetivos benéficos da atual existência.

Geralmente, os sonhos reflexivos são imprecisos, desconexos e frequentemente interrompidos por cenas e paisagens inteiramente estranhas, sem o mais elementar sentido de ordem e sequência. Ao despertar, guardamos uma recordação imprecisa de tudo que se passou, especialmente a ausência de conexão nos acontecimentos que surgiram em nossa tela mental durante o sonho.

 

Sonhos espíritas ou projeção astral

Em sonhos desta categoria, existe uma exteriorização mais ampla do perispírito. Léon Denis os caracteriza como “etéreos” ou “profundos”, em razão de uma emancipação da alma mais acentuada. Desprendido do corpo, o espírito exerce uma atividade real e efetiva, encontrando-se com parentes, amigos, instrutores e, também, com inimigos desta ou de outras existências.

Nestas projeções ou “viagens”, devemos considerar a lei de afinidade. Nossa condição espiritual ou grau evolutivo é que determinará a qualidade de nossas experiências, as companhias espirituais que procuraremos e os ambientes nos quais permaneceremos enquanto o nosso corpo repousa. Dessa forma, um religioso sincero buscará um templo, um viciado procurará os antros de perturbação, um abnegado do bem irá ao encontro dos necessitados para prestar auxílio fraternal, e um interessado em aproveitar bem sua encarnação buscará instrutores devotados para ouvir conselhos, esclarecimentos e instruções que lhe proporcionarão conforto, estímulo e fortalecimento de sua fé.

Entretanto, a maioria, infelizmente, se vale do repouso noturno para sair à caça de emoções frívolas ou menos elevadas.

O sonho é a lembrança do que o espírito “viu” durante o sono, mas nem sempre nos lembramos de tudo o que vimos, pois não refletimos, ainda, em nossa alma, todo o seu potencial. Na questão 403 de O Livro dos Espíritos, temos o seguinte: “Por que não nos lembramos sempre dos sonhos? No que tu chamas de sono, só há o repouso do corpo, porque o espírito está sempre em movimento. Aí ele recobra um pouco de sua liberdade e se corresponde com aqueles que lhe são caros, seja neste mundo, seja em outros. Mas como o corpo é matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões que o espírito recebeu, porque este não a percebeu pelos órgãos do corpo”.

Frequentemente surge uma dúvida sobre a razão de raramente nos lembrarmos de nossos sonhos. Será que isso ocorre porque não sonhamos? As pessoas não lembram dos sonhos porque os acontecimentos vividos ou lembrados durante o sono não foram registrados no cérebro físico, apenas no perispírito. Agora, se recordamos dos detalhes dos sonhos, é porque tivemos predisposição cerebral para os registros. Portanto, o fato de não lembrarmos dos sonhos não significa que não tenhamos sonhado ou tido alguma experiência no plano espiritual.

No livro Mecanismos da Mediunidade, André Luiz nos diz que, quanto mais inferiorizado, mais o homem terá dificuldade para se emancipar espiritualmente. Como ocorre com o animal de evolução superior, o desdobramento da individualidade no homem de evolução positivamente inferior por meio do sono é quase um estágio de mero refazimento físico. Em ambos os casos ocorre a projeção astral, porém, de forma totalmente inconsciente.

 

Lei das afinidades

Existem leis de afinidade que respondem pelas aglutinações sociais, morais e intelectuais, reunindo os seres conforme os padrões e valores. Então, durante o repouso noturno, estaremos nos emancipando espiritualmente, vivenciando cenas e realizando tarefas afins. Podemos buscar companheiros que se afinam conosco e com os ideais que nos são peculiares, para realizações positivas, que visam ao nosso progresso moral, ou em atitudes negativas e viciosas, junto com aqueles que ainda se comprazem em atos de reminiscências degradantes, que nos perturbam e desequilibram. Libertos parcialmente pelo sono, muitos espíritos seguem na direção dos ambientes que lhe são agradáveis durante a lucidez física ou nos quais gostariam de estar, caso as possibilidades normais lhe permitissem.

Os sonhos, assim como as “viagens” nos planos mais sutis da existência, são retratos de nossa vivência diária e nosso posicionamento espiritual, refletindo nossa realidade interior, o que somos e o que pensamos. O tipo de vida que levarmos durante o dia, invariavelmente determinará o tipo de sonho que a noite nos ofertará, em resposta às nossas tendências.

Portanto, dorme-se como se vive, sendo os sonhos o retrato emocional de sua vida moral e espiritual.

 

Artigo publicado na Revista Caminho Espiritual.
Ao reproduzir o texto, citar o autor e a fonte.

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