Os passes energéticos e o Espiritismo
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O estudo dos passes, do magnetismo e das curas espirituais despertam sempre muita atenção daqueles que trabalham, estudam, que vivem, enfim, a atmosfera existente no meio espírita. Allan Kardec nos trouxe fundamentos básicos para a correta utilização de todo esse conhecimento.

Qual a diferença entre passes e imposição de mãos?

Ambos são processos de magnetização, ou seja, formas de se manipular os fluidos. A primeira, os passes, implica essencialmente na movimentação das mãos. Na imposição fica-se com as mãos paradas e espalmadas sobre um determinado local do corpo ou órgão da pessoa que está recebendo os passes.

 

Existe diferença entre magnetismo e fluido?

Sim. O magnetismo é uma força física que nos permite agir sobre o fluido (matéria). Gosto sempre de exemplificar para que fique mais claro esse entendimento: pode se ter muito magnetismo e pouco fluido, por exemplo, Chico Xavier, já nos seus últimos anos de vida não possuía quase nenhuma energia vital, mas continuava reunindo multidões ao seu redor. Essa capacidade de atrair as pessoas é uma manifestação da força magnética que ele possuía. Em contrapartida, existem pessoas com muito fluido e quase nenhum magnetismo. Por exemplo, geralmente os jovens possuem uma boa cota de energia, mas podem ser dispersivos, não conseguindo concentrar o pensamento e a vontade, não conseguem concentrar a sua força magnética para bem conduzir os fluidos.

Como o Espiritismo vê os chakras (centros de força) e as suas relações com o passe e curas espirituais?

O conhecimento dos centros de força é um requisito básico para o médium ou magnetizador bem aplicar os passes. Sendo os centros de força pontos de concentração de energias intimamente ligados ao sistema nervoso (no corpo físico), eles nos ajudam na correta distribuição das energias que estamos manipulando durante os passes, mesmo que não saibamos exatamente qual o órgão ou região do corpo adoentado. Ou seja, eles conduzem por simples processos magnéticos os fluidos até os pontos onde são necessários.

O nível moral da pessoa que irá aplicar o passe exerce algum tipo de influência no processo?

Exerce. Os fluidos sempre adquirem alguma característica daquele que os manipula. O fluido dos espíritos de melhor qualidade acaba sendo adulterado pela condição moral do médium. Quanto mais puro for o resultado final dessa mistura, mais rápida é a cura.

O aprendizado do médium favorece a cura? O que dizer de significativos processos de curas que acontecem em locais em que nem se acredita na influência dos espíritos?

O aprendizado do médium é apenas um dos fatores que favorecem a cura. Há outros envolvidos, como as condições do ambiente, a ação dos espíritos (que se dá em qualquer lugar, onde eles queiram agir, independente de religião) e muitos outros fatores vão participar do processo curador.

Há muita discussão no movimento espírita sobre a necessidade ou não dos ditos "passes padronizados", ensinados pelo emérito Edgard Armond e explicados por André Luiz. Existem muitas casas, atualmente, adotando a simples imposição de mãos, gesto usado corriqueiramente por Jesus. Qual a sua opinião sobre o assunto?

Depende da condição de trabalho dos médiuns e dos espíritos e da direção de cada casa espírita. Como falamos anteriormente, tanto o passe como as imposições são processos de magnetização e, portanto, podem ser livremente aplicados.

É necessário o médium ter conhecimentos de anatomia para aplicar passes com mais eficácia?

No Centro Espírita Léon Denis, o candidato ao trabalho da cura passa pelo menos quatro meses estudando noções de anatomia humana, fisiologia e patologia. É meramente informativo, somente noções básicas que ajudarão o médium a compreender um pouco mais sobre os doentes, tratá-lo melhor. Como você vê, isso depende da forma como cada casa espírita é dirigida e até das pessoas que trabalham nela. Mas não podemos esquecer que, por exemplo, os apóstolos eram pessoas muito simples, com pouco ou nenhum conhecimento nesse campo, e nem por isso deixavam de conseguir curas.

Na sua opinião, o que importa mais: estudar ou praticar a mediunidade?

Estudar. Como tratar de algo ou trabalhar em algo que você não conhece? Mas há casos, também, que se põe esses médiuns "com mediunidade aflorada" em alguma tarefa onde eles possam doar a energia que ainda não utilizam corretamente.

A preocupação com o estudo, no meu modo de ver, não implica na diminuição das tarefas de cura, ao contrário, entendo que quanto mais se conhecer do assunto, mais e melhor se poderá exercer essa atividade. Talvez se faça confusão com trabalhos onde se façam as chamadas "cirurgias espirituais", com médiuns de incorporação que fazem cortes ou outras técnicas invasivas. Esse tipo de fenômeno me parece realmente que está desaparecendo, mas não a cura através de passes magnéticos.

Este artigo foi publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 38. Ao usar o texto, favor citar o autor e a fonte.

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