Peixotinho
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O médium Francisco Peixoto Lins, conhecido como Peixotinho, tornou-se famoso por sua notável capacidade mediúnica de materialização e efeitos físicos. Em fevereiro deste ano completaram-se cem anos do seu nascimento. A Revista Cristã de Espiritismo presta uma pequena homenagem a esse trabalhador que tanto contribuiu para a manifestação dos espíritos, mas principalmente para o despertar das pessoas em relação à vida após a morte.

 

Peixotinho nasceu em 1° de fevereiro de 1905, na cidade de Pacatuba, Ceará. Logo cedo perdeu os pais, Miguel Peixoto Lins e Joana Alves Peixoto e passou a viver com os tios maternos, em Fortaleza. No Estado cearense entrou para o Seminário, pois seus tios desejavam que seguisse a carreira eclesiástica, porém, por questionar os dogmas da Igreja recebeu vários castigos e acabou abandonando o colégio. Aos 14 anos mudou-se para o Amazonas em busca de melhores condições de vida nos seringais, mas dois anos depois resolveu retornar para Fortaleza. Nessa época começava a se manifestar os primeiros sinais de sua mediunidade, em forma inicial de terrível obsessão. O envolvimento espiritual era tão forte que chegou a ficar cerca de 20h em estado cataléptico. Seus familiares quase o deram como morto.

Pouco tempo depois sofreu uma paralisia que o deixou prostrado em uma cama durante seis meses. Foi quando um vizinho que era espírita pediu autorização aos familiares para lhe aplicar um tratamento espiritual com passes, preces, Evangelho no Lar e água fluidificada. Em menos de um mês começou a apresentar uma melhora progressiva. Já restabelecido, passou a freqüentar o centro espírita, e foi na doutrina espírita que encontrou respostas para suas dúvidas mais profundas. Iniciou, também, seu desenvolvimento mediúnico. Peixotinho era dotado de diversas capacidades mediúnicas, principalmente de efeitos físicos e materialização.

Em 1926 foi convocado para o serviço militar e transferido para o Rio de Janeiro, na época, capital da República. Posteriormente transferido para a cidade de Macaé (RJ), fundou o Centro Espírita Pedro. Em 1933 casou-se com Benedita Vieira Fernandes, com a qual teve nove filhos. Devido a sua carreira militar foi transferido diversas vezes para outras cidades, mas acabou retornando ao Rio de Janeiro, onde reencontrou companheiros do Grupo Espírita Pedro, dentre eles, Antonio Alves Ferreira. As reuniões mediúnicas realizadas na casa do amigo foram transformadas, daí alguns meses, no Grupo Espírita André Luiz.

Em 1948 foi transferido para Santos. Nesse mesmo ano encontrou pela primeira vez o médium Chico Xavier, na cidade de Pedro Leopoldo, onde participou de sessões de materialização e de assistência aos enfermos. Daí ocorreram muitos outros encontros.

Em 1949 transferiu-se definitivamente para a cidade de Campos, onde participou dos trabalhos do Grupo Joana D´Arc. Fundou o Grupo Espírita Araci, em homenagem ao seu mentor espiritual.

 

Materializações luminosas

O delegado e importante pesquisador R. A. Ranieri descreve em seu livro Materializações Luminosas o contato que teve com o médium. Na obra, relata que algumas vezes pôde assistir algumas sessões de materialização na cidade de Pedro Leopoldo, com a participação de Chico Xavier e Peixotinho, sessões que se intensificaram a partir de 1952 por orientação do plano espiritual.

Desde então o delegado foi se aproximando do médium e acompanhando seu trabalho. "Observava-lhe as menores atitudes, mas jamais verifiquei um só gesto seu para enganar ou ludibriar", comenta.

Ranieri teve oportunidade, também, de observa-lo quando presidiu o Grupo Espírita André Luiz, sociedade da qual Peixotinho participava. Acompanhou tratamentos de doentes, cirurgias espirituais e casos de cura relatados pelos próprios pacientes. Segundo a descrição de Ranieri, o corpo de Peixotinho nessas sessões parecia estar morto e todo iluminado interiormente.

Uma das maiores provas que o delegado teve foi a materialização de sua filha Heleninha, desencarnada quando criança. Mas as demonstrações incontestáveis não pararam por aí. Moldagem de mãos, pés e rostos em parafina com as linhas idênticas dos espíritos quando encarnados, frases escritas em letreiros luminosos com a assinatura do autor desencarnado, objetos materializados como pedras e cristais, escrita direta do espírito no papel sem a utilização de canetas ou lápis materiais. Vale lembrar que nessas reuniões foram tiradas fotos de espíritos materializados, e todas receberam autenticação de próprio punho de Francisco Cândido Xavier.

Tantos foram os fatos surpreendentes que Ranieri acompanhou, que tempos depois resolveu passar a anotá-los para publicar um livro. Para isso, pediu permissão à espiritualidade e a autorização foi concedida, inclusive pela famosa enfermeira alemã Scheilla, sempre presente nos trabalhos. Assim foi publicada pela editora FEESP a obra Materializações Luminosas, que se tornou uma referência em pesquisas sobre o fenômeno da materialização.

O médium Francisco Peixoto Lins desencarnou em 16 de junho de 1966 na cidade de Campos, no Rio de Janeiro, porém seu exemplo de trabalho ao próximo permanecerá sempre imortal.

 

Efeitos físicos

Peixotinho foi um grande médium de materialização e efeitos físicos. Por seu intermédio se realizaram diversas sessões de materialização, que ficaram conhecidas como as materializações luminosas. Cabe então esclarecer brevemente como ocorre o fenômeno da materialização.

Para que seja possível os espíritos desencarnados se materializarem, é necessário que se utilizem do ectoplasma projetado do médium ou das pessoas presentes que tenham essa capacidade mediúnica. Essa substância delicadíssima, na visão dos espíritos, é um plasma de origem psíquica que se exala através do médium de efeitos físicos e um pouco dos outros. É expelida por todos os poros, mas em maior proporção pelas narinas, pela boca, pelos ouvidos, ponta dos dedos e ainda pelo tórax. Importante ressaltar que não é o espírito que se materializa e sim o ectoplasma que adere a forma do perispirito do espírito. Por esse motivo é de tamanha importância hábitos saudáveis de vida e principalmente a boa conduta do médium, para que o ectoplasma não sofra contaminações e o trabalho possa ser desempenhado com eficiência.

No Brasil as materializações produzidas pelo médium Peixotinho ficaram famosas. Muitas dessas sessões foram observadas e acompanhadas por estudiosos, devido à seriedade do trabalho de Peixotinho. Disciplinado e consciente de seu papel, desempenhou sua tarefa com grande dedicação e acima de tudo responsabilidade. Tais fenômenos foram necessários para a prova da imortalidade da alma; hoje se faz primordial a luta perseverante no bem. Será o nascimento do amor no coração de cada um que fará se materializar a Centelha Divina.

Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 31. Ao utilizar o texto, favor citar o autor e a fonte.

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