Câncer, fé e compreensão
Escrito por Érika Silveira
A influência da mente e das emoções no desenvolvimento do câncer. A reforma interior no combate à doença
Aliar os avanços da ciência aos tratamentos espirituais no diagnóstico e cura de doenças como o câncer é o novo conceito que está crescendo e ganhando cada vez mais espaço entre médicos do Brasil e de outros países do mundo. O câncer e seu novo paradigma foi um dos temas abordados no Congresso Nacional da Associação Médico-Espírita do Brasil e no Encontro Internacional de Médicos Espíritas, realizado em junho de 2003 no Centro de Convenções do Anhembi.
Os médicos brasileiros Osvaldo Hely Moreira e Kátia Marabuco e os argentinos Sabino Luna e Daniel Gómez falaram a respeito da postura do médico-espírita diante de seus pacientes e familiares, assim como os tumores podem ser formados no perispírito, antes mesmo da reencarnação, ou ainda, provocados pelos hábitos, emoções e pensamentos negativos.
De acordo com os pareceres de médicos e pesquisadores que aliaram o tratamento físico ao espiritual em seus pacientes oncológicos, o resultado tem sido bastante satisfatório, mesmo em casos avançados da doença. Além disso, acreditam que o médico deve mais do que receitar remédios; deve enxergar seus pacientes como criaturas que necessitam de amparo e esclarecimento além da matéria.
A seguir, o parecer de cada um dos médicos em relação ao câncer e o apoio aos pacientes.
O Câncer e o novo paradigma
Dr. Osvaldo Hely Moreira
“Podemos iniciar afirmando que o câncer não é mais esse pavor que é transmitido às pessoas, não há mais motivo para isso. Atualmente, o câncer é curável em 50% dos casos, mas falta preveni-lo e curá-lo em maior proporção.”
O câncer é caracterizado pelo crescimento sem limites e desordenado de células aberrantes, com função anormal, que invadem e destroem os tecidos normais. Leva ao óbito pela invasão destrutiva de órgãos normais, por extensão ou por disseminação a distância (metástase) através do sangue ou linfa.
Essas células, em divisão rápida, consomem muita energia em relação ao restante do corpo físico. E por que essas células podem produzir substâncias que são lesivas ao corpo, formando metástases, em alguns casos, gerando outros focos em diferentes regiões do corpo? O câncer é uma doença genética. A princípio, poderíamos afirmar que já nascemos com alguma alteração no DNA, propiciando a ocorrência do tumor.
O DNA possui sua função, mas se houver uma modificação em um de seus genes, esta mutação começa a produzir proteínas diferentes, embora o câncer não seja provocado por uma mutação apenas. Nós podemos, então, nascer pré-disposto ao câncer cármico, mas não desenvolvê-lo.
São necessárias diversas mutações em seqüência, da célula, para que gerem lesões estruturais suficientes para causarem uma desregularização no mecanismo de crescimento multiplicativo. A ação dos agentes cancerígenos provocam mutações, tornando as células geneticamente “preparadas” (predispostas), mas ainda não cancerígenas. Para que essas células se transformem em cancerígenas, é preciso que ocorram mais mutações, e para tanto, é preciso nos expormos a fatores mutagênicos.
As transformações genéticas mínimas acontecem freqüentemente, mas são corrigidas pelos mecanismos de reparo do próprio DNA, para que não venhamos a desenvolver câncer em uma freqüência maior. Esses mecanismos de correção estão ligados diretamente à ação mental (pensamento).
Além disso há os fatores comprometedores (desencadeantes) tais como: tabaco, álcool, agentes infecciosos como o vírus da Hepatite B, HIV, HPV etc, susceptibilidade genética (o indivíduo nasce com células predispostas ao desenvolvimento, porém isso só ocorre se houver uma soma de fatores mutagênicos); influências das emoções, de fatores ambientais e idade.
A afirmativa do ponto de vista médico, apenas diz que as emoções não provocam câncer, mas o conhecimento espírita nos ensina que a questão básica de tudo é a mente. O pensamento equilibrado é que vai equilibrar, a princípio, os mecanismos imunológicos. Já o remorso e a culpa, ao contrário, geram disfunção celular. Quando erramos, a culpa se instala no corpo mental. Portanto, o câncer pode ser o carma do prejuízo ao próximo ou da auto mutilação. Entendendo melhor: o erro constatado pelo corpo mental é transferido para o corpo astral (perispírito, semelhante ao corpo físico e controlado pelo pensamento), portanto a mutação inicial ocorre no corpo astral e se transfere para o núcleo da célula física.
Entendendo o câncer
O tumor se instala na região usada para o erro, ou que lembre as pessoas ou situações envolvidas. André Luiz nos lembra que os fatores mentais atuam no DNA, como a imprudência e ócio, mas além disso há outros desencadeantes, como o suicídio, o homicídio e a viciação em substâncias químicas. Essas, são situações que levam o indivíduo a um desequilíbrio vibratório tão grande do perispírito, que não consegue formar um corpo físico adequado.
Concluímos desta forma que, a mutação inicial se deve aos pensamentos e atitudes incorretas. Mas muitos tumores surgem aqui e agora devido a certas opções de vida, tais como o fumo, o álcool, descontroles emocionais, desequilíbrios infecciosos, entre outros. A imprudência é um fator oncoacelerador.
Com relação aos vírus e bactérias (agentes infecciosos), há um dado interessante. Nem todos provocam câncer, mas em alguns casos sim. Tanto o vírus quanto a bactéria são seres que estão em crescimento evolutivo em formas inferiores, e possuem sua irradiação própria. As infecções seguem o mecanismo de sintonia. São os desequilíbrios da mente que geram determinado padrão vibratório no indivíduo com prédisposição. Se neste caso reencarna e não recebe a correção adequada, mantendo um padrão vibratório baixo, entra em sintonia com os vírus.
Se o pensamento é responsável pela mutação no corpo astral, é fundamental que transformemos esse padrão vibratório, transmutando-o em positivo.
A emoção também é uma outra questão importante, porque não é possível o pensamento chegar ao corpo físico sem passar pelo corpo astral, que é o campo das emoções. Qualquer pensamento nosso vai ter uma carga de emoção. E quando a emoção é capaz de lesar o corpo? Quando sentimos uma mágoa ou um ódio por um tempo prolongado, isso tem um efeito semelhante ao do pensamento. Além disso, as emoções negativas promovem alterações também nos mecanismos de defesa do organismo.
Portanto, emoção e pensamento são fatores ontogênicos; daí a importância de se vigiar o mundo interior: “Orai e vigiai”.
Do ponto de vista médico, podemos dizer que é fundamental no tratamento do paciente oncológico como método coadjuvante, a participação de uma equipe de saúde mental. Assim, atingimos um dos fatores causais do corpo físico, porque está provado pela ciência que o sistema nervoso e imunológico se interligam em vários níveis.
André Luiz nos diz ainda que é a mente que rege a formação de anticorpos no sangue. Cada célula do sangue corresponde a outra célula do corpo astral. O nosso corpo físico funciona na dependência das ordens que recebe do corpo astral, que por sua vez é controlado pelo estado emocional do indivíduo. Podemos dizer então, que parte das ocorrências de câncer não são carmáticas, se instalam na atual existência por opção do ser devido a esses fatores citados.
Com relação à etiologia do câncer, podemos acrescentar a obsessão, porque o câncer é o carma do prejuízo ao semelhante. Levamos essa memória em nossa estrutura genética.
Os mecanismos utilizados pelo obsessor:
1- Quando o obsessor é um espírito intelectualizado, consegue projetar matéria mental dentro do hipotálamo do encarnado (onde se encontram os neurônios) e alterar o campo das emoções, do sistema nervoso e do sistema imunológico, diminuindo a resistência do paciente.
2- A mente obsessora e o seu perispírito passam a comandar o campo celular do encarnado. Influenciando as células sangüíneas, a formação de anticorpos e o mecanismo imunológico, acaba provocando o desequilíbrio físico-psicossomático do encarnado, causando infecções e tumores. Neste caso, ocorre uma ordem mental do desencarnado comandando um corpo físico que não é seu, alterando os mecanismos de defesa do organismo.
3- Obsessão intra-uterina: é um fator grave que pode levar ao aborto, a má formação do feto ou desencadear um câncer na infância. Portanto, é necessário propor terapia desobsessiva a pacientes com câncer, passe magnético, água fluidificada, exercício de reforma íntima, evangelho no lar e apoio da família. Esses são recursos que ajudam a controlar o processo obsessivo e a corrigir pensamentos incorretos, fator desencadeante da doença.
4- A doença também pode vir como forma de auxílio ao reencarnante, para que não venha a errar mais em determinado campo de erro anterior. A doença é usada muitas vezes pela espiritualidade para limitar as atividades do indivíduo, fazendo com que aos poucos possa se desligar do lado material e se conectar com o espiritual.
Avaliar o componente orgânico, prescrever recursos que prolonguem a vida do paciente, avaliar o psiquismo do paciente, entender a situação mental e emocional do indivíduo; estudar no indivíduo a presença ou não de obsessão e tratar isso; avaliar as disfunções energéticas (o desequilíbrio das energias do corpo físico com as do corpo astral).
Saúde é a conexão real da criatura com o Criador. Um homem sábio de nossa associação disse: “A saúde é o objetivo maior do ser humano, a se confundir com a felicidade. Existem estágios ou etapas de saúde, que condizem com o processo evolutivo de cada um, o que não nos impede da certeza de que ainda somos enfermos ou ignorantes. A doença não é a perda da compreensão da verdade, é a rebeldia de não vivê-la ou de querer ignorá-la”.
O médico espírita
Dra. Kátia Marabuco
Fatores aliados do médico espírita no tratamento do câncer: conhecimentos científicos; conhecimentos doutrinários, intuição e mediunidade.
“Como disse o dr. Bezerra de Menezes: “Sempre ao médico espírita servir, para merecer servir mais”.
Nós, médicos espíritas, não trabalhamos sozinhos, somos pequenina parcela neste trabalho infinito do Pai e o nosso grande merecedor é o próximo.
A doutrina dos espíritos é o educandário superior de almas na Terra. Associada a isso, temos a intuição, ou seja, a mediunidade intuitiva. O plano espiritual propicia cada vez mais o surgimento de um novo homem. O ser humano deve aprimorar seus recursos mediúnicos, para deixar que a espiritualidade maior possa jorrar sua luz com o propósito de que possamos beneficiar nossos pacientes. A intuição se desenvolve à medida que nós nos evangelizamos.
O médico-espírita deve olhar em um sentido profundo o paciente que o procura e necessita de tratamento, estendendo sua mão amiga. Muitas vezes, a doença é avassaladora, porque faz parte do resgate cármico na vida de algumas pessoas e é tarefa do médico espírita fazer com que o paciente aprenda o caminho da prece e volte ao convívio familiar e social, porque geralmente se sente sozinho e incapaz de direcionar sua própria vida.
Não podemos esquecer de que cada indivíduo possui sua crença, nós devemos estar atentos para introduzir os conhecimentos de uma vida espiritual e futura, passando o ensinamento de que a vida continua e que ele precisa trabalhar esse novo corpo, com mudanças de padrões vibratórios.
Atendimento Integral
Dr. Sabino Luna e Dr. Daniel E. Gómez (Argentina)
A Fundação Allan Kardec, da Argentina, integrada pelos médicos Sabino Luna e Daniel E. Gómez, mantém, desde 1989, trabalhos inovadores na área de atendimento a pacientes oncológicos. Através de tratamentos psico-terapêuticos tem conseguido diminuir o trauma que o conhecimento da patologia do câncer causa em pacientes e familiares.
“A nossa proposta não é apenas a de aliviar os traumas, mas trabalhar nos cuidados ativos. Se nós somos efeitos traumáticos das causas múltiplas na produção de patologias, esses cuidados ativos constituem fundamentalmente o apoio para aqueles que contestam a enfermidade”.
Essa metodologia psicoterapêutica significa uma forma de operacionalizar o modelo da filosofia espírita. Porque há pessoas que possuem uma personalidade geralmente considerada como “transtorno narcisista”, o que caracteriza dificuldades para lidar com o campo emocional. Esses indivíduos que sofrem com tais características na infância, estatisticamente com uma duração de cerca de seis meses a dois anos prévios ao diagnóstico clínico da doença, sofrem uma depressão no sistema nervoso que afeta especialmente o hipotálamo (considerado o cérebro emocional). A depressão crônica, por mais de dois anos, aliada a outros fatores físicos, genéticos e químicos, pode diminuir a função imunológica do organismo, possibilitando o crescimento de tumores.
Nosso corpo produz bilhões de células continuamente, mas as células “inspetoras de qualidade”, que são representadas pelo sistema imunológico, destroem essas células anormais, se o sistema endócrino e imunológico estiverem em ordem. Portanto, nosso psiquismo, mesmo inconscientemente, trabalha para a nossa saúde, mas se por alguma razão o paciente não aceita sua situação, consciente ou inconscientemente surge a idéia de que a morte pode ser uma saída para o caso, e com o tempo acaba provocando o crescimento canceroso. No modelo mente-corpo de recuperação da saúde, a intervenção psicológica é capaz de motivar mudanças na percepção de si mesmo no paciente e de seus problemas.
Tem como objetivo fazer nascer uma nova esperança. O paciente, desta forma, pode modificar sua atitude espiritual e mental, melhorando conseqüentemente a imunidade do organismo, porque, além de procurar um bom médico para tratar a doença, é preciso contar com a colaboração de si mesmo para manter o equilíbrio. Temos muitos casos publicados sobre a paralisação do processo evolutivo do câncer e até mesmo de regressão dos tumores.
O que precisa ser compreendido é que o protagonista da mudança interior é o próprio paciente. Nós, médicos, somos apenas terapeutas facilitadores no processo de transformação que pode possibilitar a cura do paciente.
A nossa proposta no processo terapêutico é a integração dos diferentes níveis de consciência, possibilitando o corpo assimilar os sentimentos e vencer os fatos traumáticos.
A terapia familiar previne a instalação de alterações emocionais graves e diminui tensões e ansiedades do grupo familiar. Tem como objetivo permitir novos padrões de adaptação, que facilitem o desempenho nesta nova etapa que se inicia, além de trabalhar a convivência com um doente grave, com risco de morte.
Para isso, são usados trabalhos corporais de respiração, relaxamento e elaboração de imagens mentais. É fundamental também que as pessoas que trabalhem com pacientes terminais, tenham desenvolvido seu próprio quadrante espiritual, porque sem levar em conta o efeito espiritual, não pode haver um acompanhamento pleno. Não significa convencer o paciente de suas crenças pessoais, mas por intermédio daquilo que a pessoa considere sua verdade, que encontre a harmonia.
Outro fato a ser refletido é que a morte não constitui fracasso do paciente, da família, nem da equipe médica. A morte do corpo físico significa apenas uma grande transição de plano”