A opinião médica sobre as cirurgias espirituais
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Dra. Marlene Nobre, presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil, analisa o processo das cirurgias espirituais

 

Conceituada divulgadora espírita, a dra. Marlene Nobre é presidente da AME-Brasil (Associação Médico-Espírita do Brasil) e do jornal Folha Espírita, além de dirigente do centro espírita Cairbar Schutel, localizado no bairro do Jabaquara, em São Paulo (SP).

A Associação Médico-Espírita do Brasil (AME-Brasil) foi fundada em São Paulo, dia 17 de junho de 1995, durante a realização do Mednesp-95 - 3º Congresso Nacional de Médicos Espíritas - realizado pela Associação Médico-Espírita de São Paulo instituição pioneira que existia desde 30 de março de 1968. Até 1991, quando se iniciaram os encontros nacionais bienais, somente existiam a AME São Paulo e a Associação Mineira de Medicina e Espiritismo (AMME), fundada a 18/4/1986; a partir de então, fundaram-se outras, em vários Estados do Brasil, possibilitando o surgimento da entidade federal, com a adesão, em 1995, de 9 instituições. Hoje, são 28, incluindo-se as estaduais e regionais.

Nesta entrevista, apresenta sua visão sobre o processo de curas espirituais, as verdades e os mitos, como a medicina acadêmica encara as cirurgias espirituais atualmente e sobre os médiuns que dizem receber o espírito Dr. Fritz.

 

Qual é sua opinião a respeito da visão da medicina convencional e acadêmica sobre as curas realizadas através de cirurgias espirituais?

Dra. Marlene Nobre – As cirurgias espirituais trazem um grande problema para o médico espírita, porque é uma modalidade da mediunidade de cura muito sujeita ao charlatanismo. E é fácil explicar o motivo: geralmente, o médium que possui essa faculdade, ao iniciar suas tarefas, o faz com um ideal muito grande, com vontade de acertar. Porém, à medida que o tempo vai passando e as curas vão se realizando, muitos se deixam corromper, aceitando pagamentos ou favores outros em troca dos recursos mediúnicos. Com isso, caminham para a derrocada dessa faculdade, falindo moralmente. Infelizmente, aqui no Brasil isso tem sido uma constante. Alguns colegas não espíritas imaginam que esses médiuns de cura possuem a concordância da AME, o que é um erro. Não só não concordamos, como também não pactuamos com tais práticas que fogem à ética espírita.

 

Até o presente momento, existe alguma pesquisa científica sobre as curas espirituais?

Uma pesquisa não é fácil de ser realizada, precisa de elementos de boa vontade, além de dispender muito tempo também. Nos primeiros tempos da AME-SP, tentamos acompanhar alguns médiuns, mas o resultado foi decepcionante e, por esse motivo, não temos nenhuma pesquisa até agora. A não ser que surja um médium de muita confiança, não temos como fazê-la.

 

O fenômeno das curas espirituais ganhou popularidade principalmente na época em que se começou a falar sobre as cirurgias realizadas pelo médium Edson Queiroz, orientado pelo espírito do Dr. Fritz, médico alemão. Qual é sua opinião a respeito desses médiuns que dizem recebê-lo até hoje e também sobre as cirurgias espirituais executadas com cortes e introdução de objetos?

Sobre a questão de todos os espíritos comunicantes se apresentarem como Dr. Fritz, acho de uma pobreza lamentável. Temos no movimento espírita comunicações psicográficas e psicofônicas dos mais variados espíritos, portanto, não se justifica a postura desses médiuns que afunilam essas tarefas na direção de um único espírito. Muitos desses médiuns nem sabem direito quem foi o Dr. Fritz, há apenas uma repetição, a meu ver injustificável. Quanto às cirurgias espirituais executadas com cortes e introdução de objetos, já existe um consenso nas AMEs: não as aceitamos, acreditamos que a intervenção pode se dar sem esses instrumentos.

 

O que um centro espírita necessita para implantar um trabalho de cura?

Creio que todo centro espírita possui um trabalho de cura muito bem montado através da fluidoterapia (passes e água fluidificada) e eles têm feito muito pela população brasileira. Há, porém, em nosso país, um fanatismo muito grande em relação às cirurgias espirituais e uma das razões para isso, além da própria religiosidade, é a assistência médica insuficiente e inadequada. A população mal assistida busca a cirurgia espiritual na esperança de obter a cura e é neste momento que ela fica sujeita à falta de escrúpulo dos charlatães. Se nos centros espíritas que verdadeiramente estudam Kardec as pessoas não têm o aparato das cirurgias espirituais, elas têm, com certeza, assistência gratuita de todos os serviços e a mesma cura, quando são merecedoras disso. Por tudo quanto tenho visto, com sinceridade, prefiro os trabalhos de fluidoterapia dos centros espíritas.

 

Como acontece o processo de cura?

É possível formular hipóteses acerca das curas espirituais. Na física quântica, temos o teorema de Bell, comprovado por Alain Aspect e equipe, que explica a questão da comunicação entre partículas infinitesimais e, conseqüentemente, a chamada “comunicação não local”. Essas partículas não são detectadas por aparelhos comuns, mas puderam ser comprovadas nos experimentos de grandes centros de pesquisa especializados em física das altas energias. Esses mesmos princípios da física quântica podem ser aplicados às curas espirituais, porque os chamados fluidos magnéticos, responsáveis por essa intervenção, obedecem aos mesmos princípios quânticos, por se constituírem de matéria sutil, embora ainda não detectada pelos pesquisadores terrestres. O médium de cura, portanto, não necessita de tanto aparato ou de instrumentos cortantes para auxiliar na cura, basta ter o dom mediúnico e confiar na espiritualidade. Digo auxiliar na cura porque aprendemos que, em todas as circunstâncias, é o próprio paciente que se cura. Ao receber o fluido do médium e dos espíritos protetores, o paciente movimenta sua própria vontade para assimilar a restauração do corpo espiritual enfermo. Como vemos, há muitas interferências a serem consideradas, tanto do lado do médium quanto do receptor.

 

É necessário algum tipo de mediunidade especial para poder atuar nesses trabalhos?

A glândula pineal é responsável pela vida mental. O médium tem nela o ponto de contato com os espíritos e a intermediação em todo intercâmbio, inclusive na produção do fluido magnético, essencial nos trabalhos de cura. Todos nós somos capazes de produzir fluidos magnéticos, mas existem pessoas que têm maior capacidade de produzi-los: são os médiuns ostensivos. Entre estes, há alguns poucos com capacidade para produzi-los em larga escala, realizando curas admiráveis, como aconteceu no tempo dos apóstolos de Jesus.

 

Diante de tantos casos de cura, por que a Ciência não aceita os tratamentos espirituais como prova?

A Ciência tem uma linguagem própria. Não basta apresentar relatos verbais aos médicos, dizendo que os pacientes se curaram em um tratamento espiritual. Isso não é aceito. É preciso documentar o material pesquisado. Como já disse, uma pesquisa séria demanda tempo, pessoas disponíveis e dedicação. É preciso coletar os exames complementares realizados pelos pacientes antes e depois da cirurgia ou do tratamento espiritual, além de acompanhamento posterior.

 

No centro espírita Cairbar Schutel, existem trabalhos voltados para a cura?

Nós sempre tivemos o trabalho de cura no centro, mas ele se acentuou a partir de 1976. Ele é realizado através de passes e água fluidificada e é um trabalho comum, como em qualquer outro centro espírita.

 

Para encerrar, que mensagem gostaria de deixar aos nossos leitores?

Nos centros espíritas são realizados verdadeiros trabalhos de saúde pública muito importantes, através da terapia complementar gratuita proposta pelo Espiritismo. Mas nós sabemos que os milagres são obras da fé; a cura não acontece simplesmente de fora para dentro. Tanto nos casos de cirurgias espirituais quanto nos passes comuns, é o enfermo quem restaura seu perispírito e seu corpo físico com o poder de sua fé, aproveitando esses instrumentos preciosos de cura que são os fluidos magnéticos. Assim, as pessoas precisam procurar o amparo espiritual cientes de que necessitam acreditar. Devem também desconfiar de determinados ambientes onde precisam pagar para serem atendidas, porque a mediunidade é um dom de Deus e não deve ser comercializada.

 

 

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