Médiuns famosos do passado - primeira parte
Escrito por Grupo Espírita Apóstolo PauloNão é possível, num pequeno artigo como este, apresentarmos todos os médiuns famosos que apareceram na face da Terra, em diferentes épocas. Daí, porque nos propusemos a falar apenas sobre alguns dos que mais se evidenciaram pelas faculdades que possuíam. E, dentre estes, colocamos, em primeiro lugar o grande vidente sueco, Emmanuel Swedenborg, que pelas suas preciosas faculdades mediúnicas pode ser considerado, no dizer de Conan Doyle, o "pai dos fenômenos supranormais".
Emanuel Swedenborg
O imortal escritor inglês, em seu livro História do Espiritismo, diz que, para se "compreender completamente um Swedenborg é preciso possuir-se um cérebro de Swedenborg; e isto não se encontra em cada século".
O médium era engenheiro de minas e grande autoridade em Física e Astronomia, tendo publicado, também, vários trabalhos sobre as marés e sobre a determinação das latitudes. Foi, ainda, financista e político, além de apaixonado estudioso da Bíblia.
Aos vinte e cinco anos de idade ocorreu seu desenvolvimento psíquico, mas desde menino já tinha visões.
Conta-se que, por ocasião de um jantar, onde se encontravam cerca de dezesseis pessoas, Swedenborg, pela sua clarividência à distância, observou e descreveu um incêndio em Estocolmo, a trezentas milhas de Gothenburg, onde se realizava o jantar.
Somente em 1744 é que desabrocharam suas forças latentes, quando se achava em Londres.
"Na mesma noite, o mundo dos espíritos do céu e do inferno abriu-se convincentemente para mim, e aí encontrei muitas pessoas de meu conhecimento e de todas as condições. Desde então, diariamente, o Senhor abriu os olhos de meu espírito para ver, perfeitamente de perto, o que se passava no outro mundo e para conversar, em plena consciência, com anjos e espíritos", diz ele.
Conan Doyle, na sua obra já citada, expõe os principais fatos por ele descritos, que vamos transcrever, pois julgamos de grande valia para nossos leitores, uma vez que os mesmos muito se assemelham às narrativas de André Luiz, recebidas pelo canal mediúnico de Chico Xavier. Vejamos:
"Verificou que o outro mundo, para onde vamos após a morte, consiste de várias esferas, representando outros tantos graus de luminosidade e de felicidade; cada um de nós irá para aquela a que se adapta a nossa condição espiritual. Somos julgados automaticamente, por uma lei espiritual das similitudes; o resultado é determinado pelo resultado global de nossa vida, de modo que a absolvição ou o arrependimento no leito da morte têm pouco proveito. Nessas esferas, verificou que o cenário e as condições deste mundo eram reproduzidas fielmente, do mesmo modo que a estrutura da sociedade. Viu casas onde viviam famílias, templos onde praticavam o culto, auditórios onde se reuniam para fins sociais e palácios onde deviam morar os chefes.
A morte era suave, dada a presença de seres celestiais que ajudavam os recém-chegados na sua nova existência. Esses recém-vindos passavam imediatamente por um período de absoluto repouso. Reconquistavam a consciência em poucos dias, segundo a nossa contagem.
Havia anjos e demônios, mas não eram de ordem diversa da nossa: eram seres humanos, que tinham vivido na Terra e que, ou eram almas retardatárias, como demônios, ou altamente desenvolvidas, como anjos.
De modo algum mudamos com a morte. O homem nada perde pela morte: sob todos os pontos de vista é ainda um homem, conquanto mais perfeito do que quando na matéria. Levou consigo não só suas forças, mas seus hábitos mentais adquiridos, suas preocupações, seus preconceitos.
Todas as crianças eram recebidas igualmente, fossem ou não batizadas. Cresciam no outro mundo; jovens lhe serviam de mães, até que chegassem as mães verdadeiras.
Não havia penas eternas. Os que se achavam nos infernos podiam trabalhar para sua saída, desde que sentissem vontade. Os que se achavam no céu não tinham lugar permanente: trabalhavam por uma posição mais elevada.
Havia o casamento sob a forma de união espiritual no mundo próximo, onde um homem e uma mulher constituíam uma unidade completa (é de notar-se que Swedenborg jamais se casou).
Não haviam detalhes insignificantes para sua observação no mundo espiritual. Fala de arquitetura, de artesanato, das flores, dos frutos, dos bordados, da arte, da música, da leitura, da ciência, das escolas, dos museus, das academias, das bibliotecas e dos esportes. Tudo isso pode chocar as inteligências convencionais, conquanto se possa perguntar por que toleramos coroas e tronos e negamos outras coisas menos materiais.
Os que saíram deste mundo, velhos, decrépitos, doentes ou deformados, recuperavam a mocidade e, gradativamente, o completo vigor. Os casais continuavam juntos, se os seus sentimentos recíprocos os atraíam. Caso contrário, era desfeita a união. Dois amantes verdadeiros não são separados pela morte, de vez que o espírito do morto habita com o sobrevivente, até a morte deste último, quando se encontram e se unem, amando-se mais ternamente do que antes."
Com estas citações, acreditamos haver dado ligeira noção sobre os ensinamentos de Swedenborg, porém, quem desejar beber mais ensinamentos encontrará amplo material em suas obras Céu e Inferno, A nova Jerusalém e Arcana Coelestia.
Andrew Jackson Davis
Este homem deve figurar entre nós como um dos maiores médiuns da sua época, não só pelos fenômenos que produzia, como também pela sua obra no campo da literatura.
Nasceu no dia 11 de agosto de 1826, nas margens do rio Hudson, nos Estados Unidos, e desencarnou em 1910, com a idade de 84 anos.
Jackson Davis descendia de família humilde. Sua faculdade mediúnica desabrochou quando tinha apenas 17 anos. Primeiro, desenvolveu a clariaudiência. Ouvia vozes que lhe davam bons conselhos. Depois, surgiu a clarividência, tendo notável visão quando sua mãe morreu. Viu ele uma belíssima região muito brilhante, que supôs fosse o lugar para onde teria ido sua mãe. Mais tarde, manifestou-se outra faculdade muito interessante e muito rara: a de ver e descrever o corpo humano, que se tornava transparente aos seus olhos espirituais. Ele dizia que cada órgão do corpo parecia claro e transparente, mas se tornava escuro quando apresentava enfermidade.
Não é de se admirar que Davis descrevesse a constituição anatômica do ser humano, pois já Hipócrates, o "pai da Medicina", dizia: "A alma vê de olhos fechados as afecções sofridas pelo corpo".
Na tarde de 6 de março de 1844, deu-se com Davis um dos mais extraordinários fenômenos: o de transporte. Ele foi tomado por uma força estranha que o fez voar da cidade de Poughkeepsie a Catskill, cerca de quarenta milhas de distância.
Naquela época, não se sabia explicar esse fenômeno, porquanto os fatos dessa natureza ainda eram desconhecidos.
Para nós, espíritas, o papel representado por Jackson Davis é de grande importância, pois começou a preparar o terreno para os grandes acontecimentos na época em que Kardec codificava o espiritismo.
Em suas visões espirituais viu quase tudo o que Swedenborg descreveu sobre o plano espiritual (abramos aqui um parêntese para dizer que, por ocasião do seu transporte às montanhas de Catskill, identificou Galeno e Swedenborg como seus mentores espirituais).
Em seu caderno de notas, encontrou-se a seguinte passagem, datada de 31 de março de 1848:
"Esta madrugada, um sopro quente passou pela minha face e ouvi uma voz, suave e forte, a dizer: irmão, um bom trabalho foi começado – olha! surgiu uma demonstração viva. Fiquei pensando o que queria dizer aquela mensagem."
Ao que parece, este aviso fazia menção aos fenômenos de Hydesville, pois foi exatamente nessa data, numa sexta-feira, que se estabeleceu o início da telegrafia espiritual, através da menina Kate Fox.
Daniel Dunglas Home
Descendente de uma nobre família da Escócia, nascia, no dia 15 de março de 1833, em Currie, perto de Edimburgo, o maior médium de efeitos físicos do século passado – Daniel Dunglas Home.
Aos nove anos de idade, Home partiu para os Estados Unidos em companhia de uma tia que o adotara. Quando tinha treze anos, manifestou-se nele extraordinária faculdade psíquica, tendo previsto a desencarnação de um amigo da família.
Conta-se que Home fizera um pacto com um colega de nome Edwin, para que o primeiro a desencarnar viesse mostrar-se ao outro. Um mês após haver se mudado para outro distrito, quando foi para cama, teve a visão de Edwin, que desencarnara e viera cumprir o pacto, cuja confirmação recebeu dois ou três dias depois.
Em 1850, teve uma segunda visão; esta, sobre a morte de sua mãe, que vivia na América do Norte. Em seguida, começaram a produzir-se os mais variados fenômenos, tais como fortes batidas nos móveis, transporte de objetos e outros raps que inquietaram o lar de sua tia, com quem morava, ao ponto de esta afirmar que o rapaz havia trazido o diabo para sua casa.
Esses fenômenos tiveram grande repercussão em toda a América, tendo sido organizada, em 1852, uma Comissão da Universidade de Harward para visitar o médium, comissão essa que lavrou ata afirmando a exatidão dos fatos verificados durante as experiências com ele realizadas.
Tamanha era sua força que, em todas as casas onde se hospedava realizava sessões diárias, o que lhe produzia grande esgotamento.
Em 1855, Home transportou-se para a Europa, ocasião em que foram realizadas, com ele, várias experiências perante o Imperador Napoleão III. Durante essas experiências, obteve-se uma prova concreta da assinatura de Napoleão Bonaparte, com a presença da Imperatriz Eugênia, cujo fato aumentou grandemente sua fama.
Home jamais mercadejou seus preciosos dons mediúnicos. Teve inúmeras oportunidades, mas sempre recusou. Dizia ele: "Fui mandado em missão. Essa missão é demonstrar a imortalidade. Nunca recebi dinheiro por isso e jamais o receberei".
Home, como se vê, possuía várias faculdades, dentre elas, a de levitação, fenômeno esse inúmeras vezes constatado por cientistas da época.
Como todo médium, Home foi caluniado e ferido em sua dignidade, mas nunca lhe faltou nas horas mais difíceis o amparo de seus mentores espirituais.
Allan Kardec, através das colunas da Revue Spirite, o defende, dizendo:
"Dotado de excessiva modéstia, jamais fez praça de sua maravilhosa faculdade; jamais fala de si mesmo e se, numa expansão de intimidade, conta casos pessoais, fá-lo com simplicidade e jamais com a ênfase própria das criaturas com as quais a malevolência procura compará-lo."
Sobre sua missão, disse Kardec:
"Foi uma missão que aceitou; missão não isenta de tribulação nem de perigos, mas que realiza com resignação e perseverança, sob a égide do Espírito de sua mãe, seu verdadeiro anjo da guarda."
Eusápia Paladino
Eusápia Paladino foi a primeira médium de efeitos físicos a ser submetida a experiências pelos cientistas da época, tais como César Lombroso, Alexandre Aksakof, Charles Richet e muitos outros.
Nasceu em Nápoles, Itália, em 31 de janeiro de 1854, e desencarnou em 1918, com a idade de sessenta e quatro anos.
Sua mãe morreu quando ela nasceu, e o pai, quando ela alcançou a idade de doze anos.
As primeiras manifestações de sua mediunidade consistiram no movimento e levitação de objetos, quando ainda era muito jovem (tinha apenas quatorze anos). Esses fenômenos eram espontâneos e se verificavam na casa de um amigo com quem morava. Somente aos vinte e três anos é que, graças a um espírita convicto, Signor Damiani, ela conheceu o espiritismo.
Por volta do ano 1888 Eusápia tornou-se conhecida no mundo científico, em virtude de uma carta do prof. Ércole Chiaia enviada ao criminalista César Lombroso, relatando detalhadamente as experiências já realizadas por ele com a médium, carta essa publicada no jornal Il Fanfulla dela Domênica.
Entre outras coisas, dizia o missivista:
"A doente é uma mulherzinha de modestíssima condição social, com cerca de trinta anos, robusta, iletrada e cujo passado, porque vulgaríssimo, não merece ser esquadrinhado; que nada apresenta de notável, a não ser as pupilas de fascinante brilho e essa potencialidade que os criminalistas diriam irresistível."
Em outro trecho da carta, diz:
"Quando quiserdes, essa mulherzinha será capaz de, encerrada numa sala, divertir durante horas, por meio de surpreendentes fenômenos, todo um grupo de curiosos mais ou menos céticos, ou mais ou menos acomodatícios".
Através dessa carta, convidava, também, o célebre alienista, a investigar diretamente os fenômenos por ele constatados na médium.
Três anos mais tarde, em 1891, Lombroso aceitou o convite, realizando com Eusápia uma série de sessões. Esses trabalhos foram seguidos pela Comissão de Milão, integrada pelos professores Schiaparelli, diretor do Observatório de Milão; Gerosa, catedrático em física; Ermacora, doutor em Filosofia, de Munique, e o prof. Charles Richet, da Universidade de Paris. Além dessas sessões, muitas outras foram realizadas com a presença de homens de ciência, não só da Europa, como também da América.
Lombroso, diante da evidência dos fatos, converteu-se ao espiritismo, tendo declarado:
"Estou cheio de confusão e lamento haver combatido, com tanta persistência, a possibilidade dos fatos chamados espíritas."
A conversão de Lombroso deveu-se, também, ao fato de o espírito de sua mãe haver-se materializado em uma das sessões realizadas com Eusápia.
Antes de encerrarmos esta ligeira exposição sobre a preciosa mediunidade de Eusápia Paladino, convém citarmos um trecho do relatório apresentado pela Comissão de Milão que diz:
"É impossível dizer o número de vezes que uma mão apareceu e foi tocada por um de nós. Basta dizer que a dúvida já não era possível. Realmente, era uma mão viva que víamos e tocávamos, enquanto, ao mesmo tempo, o busto e os braços da médium estavam visíveis e suas mãos eram seguras pelos que achavam a seu lado."
Como se vê, a comissão que ofereceu este relatório era constituída por homens de ciência, o que não deixa dúvida quanto à veracidade dos fenômenos por eles constatados.
O prof. Charles Richet, em 1894, também realizou várias sessões experimentais em sua própria casa, obtendo levitações parciais e completas da mesa, além de outros fenômenos de efeitos físicos.
Sir Oliver Lodge, prof. de Filosofia Natural do Colégio de Bedford, Catedrático em Física da Universidade de Liverpool, Reitor da Universidade de Birmingham, e que foi, também, por longos anos, presidente da Associação Britânica de Cientistas, após as experiências realizadas com Eusápia apresentou um relatório à Sociedade de Pesquisas da Inglaterra, dizendo, entre outras coisas, o seguinte:
"Qualquer pessoa, sem invencível preconceito, que tenha tido a mesma experiência, terá chegado à mesma larga conclusão, isto é, que atualmente acontecem coisas consideradas impossíveis... O resultado de minha experiência é convencer-me de que certos fenômenos, geralmente considerados anormais, pertencem à ordem natural e, como um corolário disto, que esses fenômenos devem ser investigados e verificados por pessoas e sociedades interessadas no conhecimento da natureza".
Eis aí, em linhas gerais, o que foi a excepcional mediunidade de Eusápia Paladino, figura de destaque na história do espiritismo, que veio à Terra para cumprir a sublime missão de demonstrar a sobrevivência do espírito após a desencarnação.
Este artigo foi publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 36. Ao usar este texto, por favor, citar o nome do autor e a fonte.