Ramatís
Escrito por Maria Aparecida Romano
Na divulgação dos princípios elevados do espiritismo, cabe ressaltar o heróico trabalho dos instrutores espirituais, cujas mensagens transmitidas a encarnados se transformam em singelo e sincero convite para que a humanidade possa refletir seriamente nos benefícios que decorrem para o espírito em manifestar o Bem, o amor e o perdão.
Nas estradas dos séculos, vamos encontrar Ramatís, brilhante instrutor espiritual, na Indochina (sudeste da Ásia) no século X, quando o amor por um tapeceiro hindu arrebatou o coração de uma vesta chinesa, que fugiu do templo para desposá-lo. Dessa união nasceu um menino, cabelos negros e olhos ternos, inteligência fulgurante, fruto das experiências adquiridas em encarnações anteriores.
Já havia se distinguido no século IV tendo participado do ciclo ariano nos acontecimentos que inspiraram a epopéia indiana Ramaiana, escrita em sânscrito, que relata a vida e as venturas de Rama, príncipe de Aydo-dhya, e de Sita, filha do rei Janaka, que representava a imagem perfeita do homem-rei e sua esposa. A união de Rama e atis (Sita ao inverso), resultou no nome Ramatís. No período da ascensão das teses esposadas por Sócrates, Platão e Diógenes, viveu na Grécia na figura de conhecido mentor helênico, pregando entre discípulos a imortalidade da alma, cuja evolução ocorreria através de sucessivas encarnações. Acentuava a consciência do dever e a espiritualização, incluindo o cultivo da música, da matemática e da astronomia.
Ramatís, após certa disciplina iniciática na China, fundou e foi instrutor em um dos muitos santuários iniciáticos nas terras sagradas da Índia, onde os antigos Mahatmas criaram profunda atmosfera espiritual. Naquela época, Ramatís foi adepto das tradições de Rama, cultivando os ensinamentos do "Reino de Osires", O Senhor da Luz, na inteligência das coisas divinas.
Conhecido nos santuários da época como Rama-Tys, ou Swami Sri Rama-Tys, é quase uma "chave", uma designação de hierarquia ou dinastia espiritual, que explica o emprego de certas expressões que transcendem às próprias formas objetivas. Rama, o nome que se dá a própria divindade, O Criador, cuja força criadora emana, é um mantra: os princípios masculino e feminino contidos em todas as coisas e seres. Ao pronunciarmos o nome Ramaatis, na sua pronúncia original, saudamos o Deus que se encontra no interior de cada ser.
O santuário fundado na Índia por Ramatís, foi erguido pelas mãos de seus primeiros discípulos. Ao todo, foram aliciados 72 adeptos provindos de diversas correntes religiosas e espiritualistas do Egito, Índia, Grécia, China e Arábia. Cada pedra de alvenaria recebeu o toque magnético pessoal dos futuros iniciados que desenvolveram seus conhecimentos sobre o magnetismo, astrologia , clarividência, psicometria, radiestesia e assuntos quirológicos aliados à fisiologia do "duplo-etérico". Os mais capacitados lograram êxito e poderes na esfera da fenomenologia mediúnica, denominando os fenômenos de clarividência, levitação, ubigüidade e psicografia.
Ramatís desencarnou bem jovem, todavia, empenhou-se em desenvolver o pendor universalista, a vocação fraterna, crística, na esfera do espiritualismo. Com o desaparecimento do Mestre, seus discípulos não puderam manter-se a altura do padrão iniciático original. Apenas dezessete conseguiram envergar a simbólica "túnica azul" e alcançar o último grau daquele ciclo original. Os demais, seja por ingresso tardio, seja por menor capacidade de compreensão espiritual, não alcançaram a plenitude, a não ser 26 adeptos que se encontram no espaço, colaborando nos labores da "Fraternidade da Cruz e do Triângulo". Do restante, consta que 18 reencarnaram no Brasil, 6 nas três Américas (do Norte, do Sul e Central), enquanto os demais espalharam-se pela Europa e, principalmente, na Ásia.
Mais tarde, no plano espiritual, dando o prosseguimento a sua eficiente trajetória, filiou-se definitivamente a um grupo de trabalhadores espirituais cuja insígnia, em linguagem ocidental, era conhecida sob a pitoresca denominação de "Templários das cadeias do amor". Trata-se de um agrupamento quase desconhecido nas colônias invisíveis do além, junto à região do Ocidente, onde os trabalhadores se dedicam a tarefas profundamente ligadas à psicologia oriental. Supervisiona diversas tarefas ligadas aos seus discípulos na Metrópole Astral do Grande Coração.
Fraternidade da Cruz e do Triângulo
Consta, que , após significativa assembléia de altas entidades, realizada no Espaço, na região do Oriente, procedeu-se à fusão entre duas importantes Fraternidades que dali operam em favor dos habitantes da Terra. Trata-se da Fraternidade da Cruz, com certa ação no Ocidente (que divulga os ensinamentos de Jesus), e da Fraternidade do Triângulo, ligada à tradição iniciática e espiritual do Oriente. Após a memorável fusão destas duas fraternidades Brancas, consolidaram-se melhor as características psicológicas e objetivas dos seus trabalhadores, alterando-se a denominação para Fraternidade da Cruz e do Triângulo, da qual Ramatís é um dos fundadores.
A fusão das duas Fraternidades, realizada no plano espiritual, originou extraordinários benefícios para o Planeta Terra. Alguns Mentores espirituais do Oriente passaram, então, a atuar no Ocidente, incumbindo-se da orientação de certos trabalhadores espíritas e umbandistas, no campo mediúnico, enquanto que outros instrutores ocidentais passaram a atuar na Índia, no Egito, na China e em vários agrupamentos que até então eram supervisionados pela antiga Fraternidade do Triângulo. Ampliando o sentimento de fraternidade entre os dois hemisférios, bem como aumentando a oportunidade de reencarnação entre espíritos amigos, os orientais auxiliam os ocidentais em seus trabalhos, enquanto os ocidentais interpenetram os agrupamentos doutrinários do Oriente.
Processa-se dessa forma um salutar intercâmbio de idéias e perfeita identificação de sentimentos no mesmo labor espiritual, embora se diferenciem os conteúdos psicológicos de cada hemisfério. Os orientais são lunares, meditativos, desinteressados da fenomenologia exterior; os antigos fraternistas do Triângulo são exímios operadores com as "correntes terapêuticas azuis" que podem ser aplicadas com energia balsamizante aos sofrimentos psíquicos das vítimas de longas obsessões. Os ocidentais, antigos fraternistas da cruz, são solarianos, dinâmicos, objetivos e estudiosos dos aspectos transitórios da forma e do mundo dos espíritos; preferem operar com as "correntes alaranjadas", vivas e claras, por vezes mescladas do carmin puro, visto que as consideram mais positivas na ação de aliviar o sofrimento psíquico.
Os membros da Fraternidade da Cruz e do Triângulo, no Espaço, se apresentam com vestes brancas, cintos e emblemas de cor azul-claro esverdeado. Sobre o peito, trazem delicada corrente como que confeccionada em fina ouriversaria, na qual se ostenta um triângulo de suave lilás luminoso, emoldurando uma cruz lirial. É o símbolo que exalta, na figura da cruz de alabastrina, a obra sacrificial de Jesus e, na efígie do triângulo, a mística oriental. Os discípulos dessa fraternidade que se encontram reencarnados na Terra, são profundamente devotados às duas correntes: a oriental e a ocidental.
Ramatís e Kardec
Muitas foram as encarnações de Ramatís, ele próprio afirma. No continente da pequena Atlântida, desaparecida por volta de 8.000/10.000 a . C. aproximadamente, foi contemporâneo do espírito que mais tarde se tornaria conhecido como Allan Kardec e, na época, era profundamente dedicado à matemática e as chamadas ciências positivas. Posteriormente, em sua passagem pelo Egito, no templo do Faraó Tutmés IV, teve novo encontro com Kardec, que reencarnou como o sacerdote Amenófis, que substituiu o culto a Ámon pela religião de Áton, monoteísta e universalista. No século XIX, Kardec reencarnaria na França com a árdua tarefa de estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, abrindo novas perspectivas para o homem pela interpretação aos diversos aspectos da vida, sob o prisma das Leis Divinas, da existência e sobrevivência do espírito e sua evolução natural e permanente, através de sucessivas encarnações.
Ramatís vem causando controvérsias entre espíritas por não ser uma entidade exclusivamente devotada aos princípios da doutrina de Kardec, mas sim, uma alma liberta de sectarismos cujos ensinamentos são de cunho universalista. O instrutor espiritual Ramatís, embora não se situe na área codificada por Kardec, afirma que esta doutrina é o mais eficiente caminho de ascensão espiritual para a mente Ocidental. Porém, nem todos os instrutores deverão pregar sob um mesmo e exclusivo aspecto, espírita, ou isoladamente em outra nobre instituição, porquanto esse exclusivismo de modo algum ampliaria as idéias, cerceando o progresso.
Ramatís esclarece: é de senso comum que o mediunismo difere muito do espiritismo; o primeiro é uma faculdade independente das doutrinas e ou das religiões; o segundo, doutrina codificada por Kardec, se constitui num conjunto de leis morais que disciplina as relações desse mediunismo entre o plano visível e o plano invisível. Constituindo uma lei da natureza, os fenômenos estudados pelo espiritismo hão de ter existido desde a origem dos tempos e em todas as épocas da humanidade, são mencionados e reconhecidos, qualquer que seja cultura. Os fenômenos mediúnicos ocorriam muito antes do advento da Doutrina Espírita e podem suceder independentemente de sua existência.
Para aqueles que afirmam que as mensagens de Ramatís podem provocar dissociação no seio do espiritismo, o instrutor espiritual responde que o espírito humano é dotado de razão e de sentimento; quando a razão não está suficientemente desenvolvida para protegê-lo, pelo menos que seja amparado pela "Fé que remove montanhas". Esse temor desaparece perante aqueles que estão plenamente convictos e integrados nos consagrados postulados espíritas. Só uma fé viva, continua forte, sustenta qualquer ideal, caso contrário, a debilidade da convicção de alguns adeptos tornará o espiritismo desamparado não só diante das mensagens de Ramatís quanto diante de todas as demais Comunicações.
Embora polêmicos, os ensinamentos deste grande espírito despertam e elevam muitas criaturas dispostas a evoluir. Ramatís fala corajosamente sobre seres e orbes extraterrestres, mediunismo, vegetarianismo, sensibilizando aqueles que possuem características universalistas. Muitas vezes, suas mensagens são classificadas como fantasiosas, porém, sob a aparente fantasia, efetua um convite para o reino amoroso de Jesus. Com bases nas diretrizes morais deixadas pelo Mestre, são ofertas de boa vontade, para cada um que as assimile colocar em prática de acordo com a sua evolução espiritual.
Para Ramatís, o Cristo é um estado pleno de amor e de associação divina; a verdade crística não pode ser segregada por ninguém; é um estado permanente de procura e de ansiedade espiritual, bem distante dos rótulos doutrinários. Deve-se evitar a exclusividade, que contraria o dinamismo da vida espiritual, mas acima de tudo, cumprir a universalidade do Cristo, pois nunca se pode pregar a união "Amai-vos uns aos outros" sob a exclusividade religiosa. A doutrina "mais eficiente" é opinião humana com a qual pode discordar a opinião crística. A doutrina mais eficiente é, ainda, o amor pregado por Jesus, doutrina que não possui postulados.
Visão de Ramatís
Para alguns iniciados, Ramatís, se faz ver, com fisionomia sempre terna e ao mesmo tempo austera, traços finos, tez morena, olhos ligeiramente repuxados. Sua indumentária é um misto de trajes orientais, tal qual Mestre Indochinês do século X. Raríssimo porque deriva de antigo modelo sacerdotal, muito usado nos santuários da desaparecida Atlântida. Trajando uma capa de seda branca translúcida, até os pés, aberta nas laterais, que lhe cobre uma túnica ajustada por um cinto esmeraldino. As mangas são largas; as calças ajustadas nos tornozelos. Os sapatos são constituídos de matéria similar ao cetim, de cor azul esverdeada, amarrados com cordões dourados, típicos dos gregos antigos.
Um turbante lhe cobre toda a cabeça, com uma esmeralda acima da testa, ornamentado por cordões finos e coloridos, que representam antigas insígnias de atividades iniciáticas, nas seguintes cores com seus respectivos significados: Carmin – O Reino do Amor; Amarelo – O Reino da Vontade; Verde – O Raio da sabedoria; Azul – O Raio da Religiosidade; Branco – O Raio da Liberdade Reencarnatória. Sobre o peito, uma corrente de pequenos elos dourados, sob o qual pende um triângulo de suave lilás luminosa emoldurando uma cruz lirial.
Sua obra
Os verdadeiros adeptos de Ramatís no orbe terrestre são incondicionalmente simpáticos a todos os trabalhos das diversas correntes religiosas do mundo. Revelam-se libertos do exclusivismo doutrinário ou de dogmatismo, devotam-se em com entusiasmo a qualquer trabalho de unificação espiritual, pregando ao mesmo tempo, a necessidade de adoção do sistema Crístico, do Amor e da Bondade, Sistema Universalista, sob a égide de Cristo.
Ramatís, em suas obras, esclarece as diretrizes morais deixadas por Jesus, e a necessidade desse modelo ser vivenciado, já que no evangelho encontram-se as premissas básicas para a formação do Homem do Terceiro Milênio.
Entre as obras, psicografadas pelo saudoso médium paranaense Hercílio Maes, destacam-se "O Sublime Peregrino, A Vida no Planeta Marte e os Discos Voadores", "A sobrevivência do Espírito", "A Missão do Espiritismo", "Ramatís, uma Proposta de Luz ", entre outros. Outros médiuns também psicografam Ramatís, como Norberto Peixoto, Maria Margarida Liguori, Sidnei Carvalho, Márcio Godinho e América Paoliello Marques, médium desencarnada.
Publicado na Revista Cristã de Espiritismo - ed. 30. Ao utilizar o texto, favor citar o autor e a fonte.