O poder da respiração
Escrito por Ubirajara Tederiche
A respiração pode nos ajudar a religarmos o que um dia foi “desligado”, onde, em algum momento de nossas vidas, perdemos a devida conexão com o sagrado, com o Divino
Nosso poder pessoal começa a surgir quando respiramos corretamente. Ao nascermos, somos considerados vivos e efetivamente incorporados ao planeta Terra, a partir da primeira respiração. Isso significa que o planeta nos recebeu e nós demos o ar de nossa graça com esse pequeno e grandioso gesto, como se estivéssemos apresentando uma espécie de passaporte e recebendo o carimbo de permissão para darmos início à nossa jornada nesse globo.
A respiração é um processo natural e, em sua maior parte, inconsciente, pois vamos ao longo de nossa vida respirando sem nos darmos conta dessa dádiva concedida pelas leis do universo, nos premiando a todo instante com o objetivo de contribuir em nosso processo evolutivo, concedendo infinitas bênçãos e oportunidades de interação com as mais diversas experiências, única e exclusivamente com o intuito de nos presentear amorosamente, nos apontando caminhos seguros e confiáveis, direcionando nossas vidas de maneira correta, servindo como um leme, guiando-nos rumo ao nosso porto seguro.
A qualidade da nossa respiração dita os rumos de nossas vidas. A forma como conduzimos o oxigênio para o interior de nosso organismo responsabiliza-se pelo nível de saúde que podemos despertar, portanto, está intimamente ligado ao processo de regulação da energia vital, ou seja, aquela que todos nós possuímos como combustível que nos fará trafegar por tempo determinado segundo as Leis do Universo, colaborando no cumprimento de nossos deveres e responsabilidades no planeta Terra, transcendendo a expectativa comum de vida em que a maioria se permite.
Benefícios da respiração consciente
A respiração correta tem inúmeros objetivos, entre eles, capacitar saúde e revitalizar as células, dando a elas vida, energia, vigor, capacidade de reação aos ataques inesperados, executados por agentes inimigos. Com relação às células, existe um processo de renovação que ocorre a cada sete anos, do início, ao final de nossas vidas. Imaginem uma folha de carbono nova, sem uso. Em sua primeira cópia, teremos uma qualidade excelente, sem falhas. Na segunda cópia, teremos praticamente o mesmo efeito, mantendo o nível da primeira. Da terceira cópia em diante, podemos começar a notar algumas falhas, sugerindo uma diminuição da qualidade que se exige na execução de um bom trabalho. Na quarta cópia, muito possivelmente haverá uma inadequação do carbono, sugerindo uma substituição.
Naturalmente, devemos levar em conta a forma com que a folha de carbono está sendo utilizada, isto é, se existe por parte da pessoa que está manuseando a preocupação em manter uma determinada pressão na escrita, que seja adequada para que ela tenha mais tempo de vida e possa responder de acordo com suas características técnicas. Outros fatores podem colaborar para a manutenção necessária, como, por exemplo, cuidados básicos ao manusear, não permitindo a dobra no sentido de criar vincos, não molhar, evitar umidade sobre a folha, guardar em uma caixa especialmente desenhada para ela, ou seja, criar condições de longevidade para que tenhamos como usar o máximo de tudo aquilo que ela pode nos oferecer.
Assim é o nosso organismo e nossas células. Na medida em que vamos utilizando dos recursos disponíveis, bem como acometidos pelo envelhecimento que se apresenta com o decorrer de nossas vidas, vamos aprendendo a conduzir melhor nossas ações, pelo menos esse é o intuito de todos aqueles que buscam concluir seus projetos durante a vida e, principalmente, realizar suas tarefas, executando suas missões.
A razão natural é promovermos sempre o menor desgaste possível e guardarmos energia como recurso indispensável no cenário das interações diárias, onde a rotina desgastante pede sabedoria na condução correta da máquina humana.
A respiração é aliada inconteste, pois através dela temos como conquistar os benefícios para a saúde, para que possamos nos manter firmes e soberanos em nossos propósitos na busca de evolução e luz, na capacitação de nossas potencialidades inatas, trazidas em nossa bagagem espiritual.
Uma maneira correta de respirar possibilita processos intuitivos importantíssimos, jamais imaginados, oferecendo à pessoa que se submete a esse treinamento uma maior envergadura à qualidade de seu espírito, trazida pelo acesso a informações guardadas em sua alma, informações essas que revelam seus pontos de luz, apontando discernimento, direcionamento, sustentação, incentivo às escolhas assertivas, afastando as ondas de desarmonia, desequilíbrio e desatenção, protegendo contra situações negativas e constrangedoras.
Um estado de plena presença
Quando respiramos de maneira adequada, somos sustentados pelo poder da unificação com o Cosmo. A fragmentação passa a não fazer mais parte de nossas vidas e do nosso cotidiano. Passamos a enxergar as coisas com mais clareza e discernimento, sentimos nossa força interior desabrochar, inibindo as sombras que, na tentativa de nos confundir, tem o propósito de afasta-nos da luz redentora. A respiração ilumina, clareia, fortalece nossos passos, nos dá base e, portanto, sustentação. Saímos da condição de “mancos” para uma caminhada firme e segura, sabendo de onde partimos e onde queremos chegar.
Para se ter uma ideia do poder da respiração, os ocidentais buscam a religião para chegar a Deus; os orientais buscam a respiração para chegar a Deus. Essas duas formas são fundamentais para a busca da paz, equilíbrio e direcionamento da vida, mas esse comparativo mostra visões diferentes com o mesmo teor e poder.
A religião e a respiração têm como objetivo principal religar o que um dia foi desligado, onde em algum momento de nossas vidas perdemos a devida conexão com o sagrado, com o Divino.
Um ser que não respira, não vive. Passa a vida em processo letárgico, pois sua consciência não está desperta. Sua visão é embaçada, embora acredite ter capacidade de escolher e decidir pelo melhor. Ouve com dificuldade, apresentando uma mente agitada, perturbada a ponto de fechar os canais da audição, portanto, aprende pouco, e o pouco que chega como informação não consegue absorver. Possui um coração acelerado, batendo de maneira assustada ao simples aproximar de algo que peça dele um controle maior. Suas pernas apresentam-se frágeis, bambas, seus pés sem base, prontos a tropeçar. Caminha pela vida como se ela fosse um parque de diversão, vendo nas situações que deveriam servir de experiência e crescimento, motivos apenas de curtição e lazer.
Uma pessoa que não respira não consegue refletir, é reativa, violenta, fraca e, pela fraqueza que possui, atenta contra o seu próximo com uma defesa inconsciente. Não se percebe, portanto, não consegue perceber nada a seu redor. Está sempre armada, pronta a atacar, afinal, observa tudo como ameaça, como um espelho refletindo suas mazelas interiores.
Como podemos observar, quando não respiramos, não nos conectamos com a fonte, com o self. Sem essa possibilidade, esgotamos nossa capacidade de fazer brilhar e vibrar nossa luz e, assim, essa por sua vez não se expande, dando espaço às trevas, que passam a dominar nossas vidas e, sem pedir licença, comandam nossos pensamentos, nossa vontade, nossos desejos, nossos atos.
A respiração consciente, que gera a atenção plena, é fundamental para o ser se sentir conectado ao universo, fazendo-o sentir-se parte integrante e responsável, por colaborar diretamente no seu processo de transformação, bem como, sentir-se orientado pelas forças operantes rumo à correção dos caminhos. Para se ter uma ideia do que isso significa, podemos afirmar que o indivíduo íntegro nessa escolha e permanente nesse exercício de consciência, afastará qualquer possibilidade do mal entrar em sua vida, sendo que a semente da direção e foco estarão sempre sendo regadas pelo esplendor das vibrações de luz, responsáveis pela proteção e sustentação que tanto necessitamos, principalmente em se tratando o planeta Terra de um mundo onde predomina a barbárie, as desavenças, as maledicências que tanto prejudicam a propagação do amor e perdão.
Imagine que uma pessoa que mantém o foco em sua respiração está protegida contra suas próprias tendências, pois consegue perceber que essas fazem parte do seu ser, aceitando prontamente o exercício difícil, tendencioso e doloroso muitas vezes, sendo que nesse sentido percebe a necessidade de esforçar-se para manter o domínio de si própria, contra essas forças operantes que visam fortalecer a natureza brutalizada, grosseira e violenta que ainda permanece dentro de si.
Quando respiramos, oxigenamos o cérebro, abrimos os canais do poder e concentração, impedimos a atuação da hipnose do mal e seus efeitos. É fácil observarmos esse quadro quando passamos por situações inesperadas de estresse ou de falta de autocontrole emocional. Adotamos uma postura defensiva, mostramos nossas garras antes mesmo de qualquer ataque, passamos a respirar de maneira curta, como animais. Ficamos arrepiados de medo, de pavor e, como bichos, partimos para o ataque, seja por palavras ofensivas, por gestos inadequados, por emanações vibracionais inferiores, por pensamentos de maldade, por injúrias, difamação... enfim, pela diminuição da qualidade humana no conjunto pernicioso entre inveja e ódio.
No processo de respiração adequado despertamos o melhor de nós. Fazemos surgir a luz que brilha em nosso interior, passando a irradiar bênção pelos caminhos os quais escolhemos seguir.
Mantemos nosso nível de proteção sempre em alta, nossa fé aumenta, nossa confiança em nós mesmos passa a ser uma característica presente de maneira constante, nos dando força, vitalidade, alegria de motivação. Não damos espaço às preocupações baratas e mesquinhas, pois passamos a compreender que se estamos conectados como o Todo, sabemos que a riqueza e a prosperidade estará sempre a nos assistir, afinal, o Universo é infinito e infinito são as suas possibilidades. As portas encontram-se sempre abertas para aqueles que sabem respirar e aquelas que por ventura se fecham é para nos proteger. Dessa maneira a compreensão passa a ser uma norma de conduta, o julgamento desaparece e a gratidão surge de maneira natural, correndo feito o rio em direção ao mar.
Tudo passa a transcorrer sob os domínios da paz, do equilíbrio e da justiça.
Integração com o Todo
Imaginemos uma grande corrente de energia banhando todo nosso corpo, da cabeça aos pés, num manancial inesgotável de luz e bênção, uma cachoeira inesgotável de recursos, todos que se fazem necessários para o cumprimento daquilo que nos propusemos em espírito.
Dessa forma, uma sequência lógica de fatos, oportunidades e pessoas passarão a surgir em nossas vidas, dando o verdadeiro sentido para tudo.
“Não cai uma folha de uma árvore, senão pelas Leis.” Essas, em sua totalidade, podem ser compreendidas, e muito mais do que isso, sentidas a ponto de não mais haver a necessidade de buscarmos saber tanto se não estivermos abertos ao sentir.
Hoje temos uma grande quantidade de conhecimento tomando conta das mentes humanas, patrocinando o ego e a vaidade. Por outro lado, esse nível não corresponde na mesma intensidade à nossa capacidade de amar.
Abrir os canais da consciência, da mente, do corpo e do espírito, através da respiração, despertará no homem capacidades jamais pensadas por ele, fazendo-o recriar a própria criação.
Artigo publicado na Revista Caminho Espiritual.
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