Mensagens de familiares desencarnados
Escrito por Victor Rebelo
Solidão. Dor. Um terrível sentimento de perda. Depressão. Falta de ânimo para continuar a viver. Esses são apenas alguns dos sintomas que se apresentam naqueles que “perderam” uma pessoa muito querida. Amor ou apego doentio? Quem de nós poderá julgar com clareza os dramas e conflitos da alma humana?
Para quem está passando pelo doloroso momento do luto, a doutrina espírita oferece um verdadeiro manancial de luz. Apresenta explicações lógicas e fundamentadas em fatos verificáveis sobre a vida após a morte e a reencarnação; acompanha as exortações evangélicas quando nos recomenda amarmos a humanidade inteira como nossa família e ainda nos abre a possibilidade real de recebermos alguma mensagem do Além, através das chamadas comunicações mediúnicas, especialmente as dos espíritos aos seus familiares encarnados.
Portanto, o centro espírita deve oferecer este tipo de atendimento?
Para mim, este tipo de trabalho é muito positivo, mas também pode se tornar um problema. Analisemos ambos os lados.
Temos em Chico Xavier o maior exemplo de que as mensagens de espíritos familiares têm, sim, um aspecto positivo. Além de oferecerem consolo, as famosas mensagens psicografadas têm o poder de despertar a atenção de muitas pessoas, que passam, em um segundo momento, a se interessar pela doutrina espírita.
As mensagens de consolo podem trazer alívio não apenas para os encarnados que estão sofrendo pela morte de um ente querido, mas também para o próprio espírito desencarnado, pois muitas vezes ele também sente muita necessidade de se comunicar com seus afetos que ficaram aqui na Terra.
Além disso, aquele que está sofrendo demais pela perda da pessoa amada pode atrapalhar, de forma não-intencional, na recuperação do espírito no plano espiritual. Isso ocorre porque quando focamos nosso pensamento em um ente querido que desencarnou, potencializando esta ideia fixa com nosso sofrimento, emitimos nossas energias desequilibradas diretamente a ele, ao mesmo tempo que o chamamos, mentalmente, sem cessar. Este é um dos motivos pelos quais muitos espíritos ficam dormindo durante dias, em algum hospital extrafísico (do plano espiritual). É para evitar que eles recebam a carga psicoemocional e energética dos que estão encarnados. Claro que nenhum pai, mãe, etc. faz isso conscientemente...
Portanto, este tipo de comunicação mediúnica obtida em alguns centros espíritas pode minimizar o sofrimento de ambos os lados e ajudar os encarnados a superarem o luto. Mas isso nem sempre ocorre. Muitas pessoas ficam “correndo de centro em centro”, atrás de mais notícias que nunca as satisfazem. Esquecem-se de que o sentimento é o meio mais elevado e direto para entrarmos em contato com os espíritos. Não sabem que podem se encontrar com seus entes queridos desencarnados por meio das experiências fora do corpo (emancipação da alma), que ocorrem durante o sono.
Se o centro espírita não possui estrutura espiritual e um corpo mediúnico realmente preparado para essa tarefa, vemos o desabrochar da vaidade, de melindres, da ganância, competição, etc., da parte dos médiuns.
Além disso, hoje em dia, os centros fazem uma ficha com tantas informações sobre o espírito desencarnado e “psicografam” mensagens tão genéricas e impessoais, que acabam trazendo mais descrença do que fé naqueles que buscam as mensagens mediúnicas.
Cada centro espírita é livre para definir quais serão os trabalhos a serem desenvolvidos, mas é importante entender que cada médium dará frutos no tempo certo. É uma questão de amadurecimento.
Meu objetivo, com este texto, é apenas propor uma reflexão aos médiuns e aos dirigentes espíritas e umbandistas.
Paz e luz!
Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo.
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