Imprimir
Detalhes: Categoria: Espiritismo | Acessos: 16081

Avaliação do Usuário

Star ActiveStar ActiveStar ActiveStar ActiveStar Active
 

Se a lembrança das vidas passadas e o conhecimento do futuro fossem de essencial importância para o progresso do homem encarnado, a natureza teria nos dotado de um sentido para tal.

Vejamos, então, o que nos falam os espíritos sobre o conhecimento do futuro, nas questões 868 a 871 de O Livro dos Espíritos. Dizem-nos eles que, em princípio, o futuro é oculto ao homem e só em casos raros e excepcionais permite Deus que seja revelado. A finalidade de se conservar o futuro oculto ao ser humano reside no fato de que, se o conhecêssemos, negligenciaríamos o presente e não obraríamos com a liberdade com que agimos, porque nos dominaria a idéia de que, se uma coisa tem que ocorrer, inútil será ocupar-se com ela, ou então procuraríamos obstar que tal coisa não acontecesse.

 

A certeza de um acontecimento venturoso nos lançaria na animação e a de um acontecimento infeliz nos encheria de desânimo.

O livre-arbítrio

Não podemos esquecer que uma das provas pela qual o espírito passa é a do livre arbítrio. Se nossa liberdade de agir fosse influenciada por alguma coisa, a ponto de entravá-la, a responsabilidade da ação seria menor ou nula. Por isso é que tanto o nosso passado espiritual quanto o conhecimento sobre o nosso futuro só são revelados em casos excepcionais e de forma natural, e isso quando o conhecimento prévio facilite a execução de alguma coisa.

Além de tudo, nunca devemos nos esquecer de que assim como os acontecimentos do presente têm sua causa na nossa vida passada, os acontecimentos do futuro têm como base as nossas ações presentes. É a lei de Ação e Reação.

Assim, não há razões para o homem viver em busca de informações sobre seu futuro. Tal atitude revela falta de confiança nos desígnios divinos.

O que ocorre é que, na maioria das vezes, encontrará exploradores e enganadores da boa fé alheia.

Se cremos em Deus, por conseqüência cremo-lo justo e infinitamente bom, nada melhor que, em todos os lances da vida, exercitarmos a confiança irrestrita nele.

As existências são planejadas

Cada existência é planejada, com antecedência, no plano espiritual, antes da reencarnação. Exceto nos casos de reencarnação compulsória, a duração da existência, saúde, doenças mais sérias, riqueza, pobreza fazem parte do planejamento.

E todos os espíritos reencarnam com o objetivo de progredir, de só fazer o bem e de reparar os erros cometidos em outras existências. Ninguém vem à Terra para fazer o mal.

Depois de reencarnados, os espíritos conservam o livre-arbítrio, podem desviar-se dos rumos traçados no mundo espiritual, abandonar os planos de trabalhar pelo próprio aperfeiçoamento e desviar-se para o caminho do mal.

Os espíritos mais imperfeitos correm maior risco de cometer tais desvios, enquanto os que já conquistaram certas qualidades costumam cumprir os planos traçados antes da reencarnação. Deus não intervém. Deixa que suas leis se cumpram no momento oportuno.

Ensina-nos Allan Kardec: "A prosperidade do mau não é senão momentânea, e se ele não expia hoje, expiará amanhã, ao passo que aquele que sofre, está expiando o passado" (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 6).

O futuro depende do presente

Quanto mais evoluirmos, mais teremos livre-arbítrio e, na mesma proporção, diminuirá o determinismo sobre nós.

As nações, assim como as sociedades e os indivíduos, têm a sua liberdade de ação, de onde resulta o mérito ou demérito de cada um.

Grande é a liberdade individual, maior é a das sociedades e ainda mais ampla, é a das nações.

Todos nós só colheremos no futuro os frutos das sementes que semearmos hoje. Serão bons frutos quando semearmos bons frutos, serão maus frutos quando forem más as sementes.

Fica claro, pois, que o próprio espírito, utilizando o livre arbítrio que Deus concede a todos, escolhe a sua trajetória de deslizes e crimes hoje e grandes sofrimentos no futuro, ou de aprendizado, lutas e, talvez, sofrimentos hoje, mas felicidade no futuro.

Premonição/pressentimento

O pai do piloto do Fokker 100 que caiu, em São Paulo, matando mais de 100 pessoas, contou e repetiu, na televisão, que sonhara na véspera com o pavoroso desastre, ficando muito impressionado e comentando a visão com familiares e amigos.

Também a mulher de um passageiro declarou que sua filha pequena despertara e lhe dissera que o pai não voltaria mais, pois, o avião em que viajava caíra. Daí a pouco, assistia à catástrofe na TV.

Comprovadamente, a premonição sempre existiu. Mas o que é, como e por que acontece?

Quando o homem dorme, seu espírito deixa o corpo, sem, contudo, dele se desligar, e é nessas ocasiões que, às vezes, vislumbra o futuro próximo, com maior ou menor clareza.

Ao despertar, imaginará tratar- se de um sonho ou pesadelo. A isso chamamos "aviso ou premonição".

O espírito Adolfo Bezerra de Menezes, no livro Recordações da Mediunidade, psicografado por Yvonne Pereira, edição da Federação Espírita Brasileira, explica que tais possibilidades derivam de uma faculdade psíquica que possuimos, espécie de mediunidade.

A premonição não existe no mesmo grau em todas as criaturas, embora seja disposição comum a qualquer ser humano.

O pressentimento é o conselho íntimo e oculto de um espírito que vos dedica afeição, decorrente da escolha que se tenha feito: antes de reencarnar, o espírito tem conhecimento das várias fases da sua nova existência, isto é, dos principais gêneros de provas a que vai se entregar.

José, por exemplo, relata Mateus, foi avisado por um anjo que, aparecendo-lhe em sonho, o aconselhou fugir de Herodes, para o Egito, com Jesus.

Os avisos por meio de sonhos são comuns nos livros sagrados de todas as religiões.

Sabemos que o tempo do sono é aquele em que o espírito, desprendendo-se dos laços materiais, entra momentaneamente no mundo espiritual, onde se encontra com conhecidos de outras encarnações.

Esse instante é, muitas vezes, escolhido pelos espíritos protetores para se manifestar aos seus protegidos e dar-lhes conselhos mais diretos. Neste caso, o que ocorre é uma adaptação, feita por espírito especializado neste assunto, das ondas mentais de 4ª dimensão que estão presentes no cérebro perispiritual para que possa ser interpretado pelo cérebro físico que sabe apenas interpretar as ondas de 3ª dimensão, ocorrendo assim, uma lembrança mais nítida das orientações que o espírito queira que a pessoa se lembre ao acordar.

As profecias e a doutrina espírita

A aceitação dos textos bíblicos ao pé da letra tem levado parcela significativa da Humanidade a ter a convicção de que haverá uma segunda volta de Jesus à Terra, completamente visível, para separar os eleitos do seu reino. Que todas as mudanças ocorrerão de forma brusca e violenta. É o juízo final e o fim do mundo. É a síndrome do fim do mundo.

Entretanto, Allan Kardec nos recomenda cautela. A doutrina espírita nos ensina que o progresso se processa de acordo com as leis imutáveis criadas por Deus.

Como a natureza não dá saltos, todas as mudanças previstas haverão de processar-se lenta, mas inexoravelmente em gradativa intensidade.

Em A Gênese, Kardec, esclarece que as mudanças se realizam de duas maneiras: "uma gradual, lenta, imperceptível; outra por movimentos relativamente bruscos".

Certamente, a forma que ocorrerão essas mudanças anunciadas dependerão muito do rumo que a humanidade estiver seguindo.

Trata-se de um movimento, a operar-se no sentido do progresso moral, durante o qual a rebeldia humana, pelo acúmulo de faltas e pelo predomínio do orgulho e do egoísmo, em muitos séculos, precisa ser refreada, em benefício dos próprios homens, antes que novos débitos venham agravar a situação espiritual do planeta.

Portanto, as mudanças mais profundas ocorrerão no comportamento dos seus habitantes, que passarão a se conduzir pelas Leis Divinas.

Os espíritos recalcitrantes no mal não poderão reencarnar mais neste planeta. Irão para mundos primitivos, onde expiarão os débitos contraídos aqui. No lugar destes espíritos reencarnarão outros com propensão para o bem.

O que são as profecias

Porque existem essas percepções do futuro? É um aviso, uma advertência, que algo muito provável, mas não certo poderá acontecer.

É um aviso que as coisas ficarão pior se não houver uma mudança de rumo.

Para entendermos o mecanismo das previsões, temos que primeiramente entender que tudo o que já passamos e o que projetamos para o futuro está gravado na nossa mente. Como alicerce de todas as realizações nos planos físico e extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial.

Entretanto, ele é matéria – matéria mental – em que as leis de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos prevalecem.

Essas forças, em constantes movimentos sincrônicos ou estados de agitação pelos impulsos da vontade, estabelecem para cada pessoa uma onda mental própria.

A matéria mental dos seres se graduam nos mais diversos tipos de onda, passando pelas oscilações curtas, médias e longas.

A indução mental significa o processo através do qual um corpo que detenha propriedades eletromagnéticas pode transmiti-las a outro corpo sem contato visível. No reino dos poderes mentais a indução exprime processo idêntico.

Emitindo uma idéia, passamos a refletir, idéia essa que logo se corporifica, com intensidade correspondente à nossa insistência em sustentá-la. É nessa projeção de forças que se nos movimenta o espírito no mundo das formas-pensamentos, construções substanciais na esfera da alma.

Nós, os encarnados na Terra, vivemos na 3ª dimensão e nosso cérebro físico está preparado para as informações desta dimensão.

Os espíritos desencarnados que vivem no lado espiritual da Terra, vivem na 4ª dimensão. Tanto os encarnados como os desencarnados têm cérebro perispiritual, que está preparado para as informações da 4ª dimensão. Nosso passado e nosso futuro estão no nosso cérebro perispiritual, portanto estão sob a forma de ondas que se encontram na 4ª dimensão.

Nossos pensamentos formam ondas eletromagnéticas. Sabemos que a matéria é energia condensada, portanto, nossos pensamentos são energias, que inclusive adquirem as formas-pensamento.

As formas mentais também são trabalhadas no cérebro perispiritual, portanto, se encontram em ondas de 4ª dimensão.

Entre nós existem pessoas com capacidade perceptiva de visualizar o que está em nosso cérebro perispiritual, ou seja, captam o passado que está armazenado em nosso inconsciente ou o futuro que está em nosso superconsciente (em forma de plano ou forma apenas de pensamento).

Toda pessoa encarnada que vive na 3ª dimensão e que por efeito de determinado dom percebe o que acontece na 4ª dimensão é denominado de médium, ou seja, é intérprete, intermediário entre essas dimensões.

Se hoje eu consultar um médium que tenha esse dom, e estiver tudo em paz com meus pensamentos, ele irá fazer um ótimo prognóstico de minhas projeções futuras, mas se amanhã, acontecer um sério aborrecimento em minha vida, que afete meu estado mental e novamente consultar o mesmo médium, com certeza o prognóstico de minhas projeções futuras será outro.

Na verdade, o futuro e as formas-pensamento formam uma espécie de mundo virtual, não real, porque não aconteceu ainda, e poderá nunca acontecer, porque pode ser mudado, como poderá ser confirmado. Nossas projeções de futuro são muito dinâmicas, podem mudar minuto a minuto.

Desse futuro virtual faz parte tudo o mentalizamos, nossos planos, metas, enfim tudo o que pensamos. Por isso se diz que quando se quer alguma coisa temos que pensar, mentalizar para que aquilo se materialize.

Um Espírito também pode captar das pessoas os dados mentais referentes ao passado e ao futuro e repassá-las para o médium nas diversas forma de mediunidade, tais como audiência, psicofônia, psicografia, etc.

Não existem definições antecipadamente dos destinos dos indivíduos, das sociedades, das nações. O que existe são planos para novas etapas de progresso, que são preliminarmente traçados, depois acompanhados e avaliados, e quando necessário, se fazem ajustes para que as metas evolutivas sejam atingidas. Cada indivíduo, cada cidade, cada nação, cada planeta tem espíritos protetores, que ajudam traçar os planos, fazem o acompanhamento, avaliam a evolução e, muitas vezes fazem as correções do rumo. Foi de uma destas avaliações siderais, que o Apostolo João participou.

As visões de João

João achava-se na ilha de Patmos, por causa da difusão da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.

Certo dia, achava-se em espírito (projeção) e ouviu por detrás grande voz. Voltou-se para ver quem falava e viu...

Assim como nós podemos prever, da árvore que hoje nasce, o tempo da frutificação, a qualidade dos seus frutos, ou que, se continuar a poluição dos rios faltará água, igualmente os espíritos de grande elevação podem perceber uma parcela considerável do futuro e deduzir acontecimentos. Em cada espírito se assinala o "dom da previsão"; uns têm em pequena escala, outros têm maior capacidade, de acordo com a sua capacidade moral e intelectual.

Se as profecias que estavam previstas não aconteceram, é porque a humanidade entendeu as advertências e mudou de rumo. Se atentarmos bem, vamos ver o quanto aumentou a busca pela espiritualidade. Uma evidência disso é o aumento de freqüentadores nas casas espíritas. Nunca se falou tanto em amor, em ecologia etc. Isto fez com que se alterasse o futuro, confirmando que a cada dia nós construímos o futuro. Isto aplica-se ao futuro individual, de uma localidade, de uma nação e até de um planeta, como foi o caso da Terra. Se continuarmos assim, não haverá necessidade de mudanças bruscas.

A impreessão que se tem é que a Humanidade não está muito bem, mas isto acontece por causa da mídia, que veícula mais as coisas negativas que acontecem, mas tenhamos certeza, existe muito mais coisa boa acontecendo dos que as ruins.

Quando a pessoa tem certa maturidade, não se preocupando com as profecias, buscará trabalhar mais intensamente sua reforma íntima, para que se for necessário passar por momentos mais difíceis esteja preparada. Quando a pessoa não tem preparo, passa a duvidar de Deus e ter medo, e esse medo a leva ao desânimo.

Temos que fazer o que for preciso, não interessando como estejamos – encarnados ou desencarnados. O importante é estarmos do lado do bem. Como disse Jesus, "Amai-vos uns aos outros".

Perispírito, corpo astral, corpo fluídico, ou ainda, corpo espiritual é no dizer dos espíritos um corpo fluídico que envolve o espírito.

Kardec é quem deu a este corpo fluídico o nome de perispírito, em alusão ao perisperma, membrana que envolve a semente de um fruto.

O perispírito é um dos produtos mais importantes do Fluido Cósmico Universal. "É uma condensação deste fluido em torno de um foco inteligente ou alma".

Tanto o corpo carnal como o perispírito são matéria e derivados do Fluido Cósmico, porém a matéria de ambos se encontra em diferentes condições vibratórias, como diria o espírito André Luiz.

Praticamente, todas as civilizações humanas do passado falaram no perispírito. Os egípcios o conheciam como o KHA; na Índia, no Rig Veja fala-se em Língua-Sharira; no esoterismo judeu, Nephesh; Paracelso o chamou de Corpo Astral ou Evestrum; Paulo de Tarso de Corpo Espiritual ou Corpo Incorruptível.

Formado dos fluidos espirituais de cada globo, o perispírito varia de acordo com o meio onde se encontra. Suas características dependem do nível moral e espiritual alcançado em cada individualidade, pois é esta moralidade e espiritualidade alcançadas em numerosas experiências reencarnátorias que irão funcionar como um foco de atração para este ou aquele elemento (átomo) da matéria espiritual, de sorte que o perispírito irá retratar sempre o nível espiritual de cada criatura.

Portanto, o corpo espiritual ou perispírito tem uma forma para constituir-se bem distinta do corpo físico. Enquanto este é formado basicamente dos elementos carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio (constituintes básicos da matéria orgânica), os átomos espirituais que compõem o perispírito variam de acordo com sua evolução.

Propriedades do perispírito

Kardec nos ensina que o perispírito, por meio de uma expansão do mesmo, se une ao ser humano desde o momento da fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Daí para frente, orienta a divisão celular do mesmo, unindo-se ao corpo físico, célula a célula, órgão a órgão, molécula a molécula, átomo a átomo. Esta união permanece por toda a vida física do indivíduo. Só quando por ocasião da morte do corpo físico é que ocorre a desunião do perispírito com o corpo físico, quando o espírito desencarnado volta ao Mundo Espiritual.

Orientando a divisão celular, o perispírito é por isso mesmo a matriz do corpo físico. Numerosos fenômenos podem ser explicados quando conseguimos perceber que a matriz do corpo físico se encontra fora do mesmo, embora agregado a ele. Um deles é o intrincado fenômeno da embriogênese.

É muito conhecido entre os embriologistas e curiosos fatos que quando nos estágios iniciais de formação do embrião, se for colocada uma célula que no seu lugar de origem já estava sendo diferenciada para dar formação a uma estrutura, por exemplo, do aparelho digestivo, se for colocada em um outro local que deverá redundar no olho do organismo, esta célula, que já se estava diferenciando, regride para o seu estágio de indiferenciação e começa agora a diferenciar-se novamente, de sorte a ajudar a formar o olho do organismo. Tudo se passa como se por trás da gênese orgânica houvesse "algo" que orientasse a sua formação.

É a este "algo" que a fisiologista francesa Claude Bernard dá o nome de "Idéia diretriz". Hans Driesch dá o nome de "Intelékia" e o dr. Hermani Guimarães Andrade, parapsicólogo brasileiro, dá o nome de "Modelo Organizador Biológico - MOB".

O espiritismo nos ensina que esse "algo"que organiza a matéria orgânica nada mais é que uma das propriedades do perispírito que se manifesta como a matriz orientadora do corpo físico.

O leitor poderá objetar que tal princípio está concentrado nos genes, que estão inseridos nos cromossomas da células, como tão bem vem demonstrando a genética, ciência que estuda os fenômenos da hereditariedade. Sem dúvida, a genética vem elucidando muitas das leis que regem a hereditariedade, porém, está longe de conhecer e explicar todos os fenômenos da organogênese.

Dentre os muitos fatos que a genética ainda não consegue explicar, poderíamos citar, como exemplo, o curioso fato das moscas sem olhos.

Dr. Hermani Guimarães Andrade relata em seu livro Psi Quântico que "realizando o cruzamento entre si, as moscas das frutas (Drosophila melanogaster), portadoras dos genes recessivos correspondentes ao caráter "mosca sem olhos", podem ocorrer o aparecimento de moscas sem olhos. Neste caso a linhagem é pura com relação a este caráter. Isto quer dizer que, de acordo com as leis da genética, as descendências deverão ser sempre moscas sem olhos. Entretanto, não é isto exatamente o que ocorre. Depois de um certo número de gerações por entrecruzamento de moscas cegas, surgirão novamente moscas com olhos normais.

Diante de fenômenos como este, os geneticistas se perguntam o que aconteceu ou o que interferiu nos genes para provocar tal mutação e corrigir o defeito da cegueira das moscas? Para tal pergunta, a genética não tem resposta. No entanto, se a genética não responde, o espiritismo o faz quando nos afirma que toda a experiência da vida no planeta está registrada no perispírito e que, por isso mesmo, quando ocorre alguma anomalia no código genético da matéria, o espírito lança mão do arquivo mnemônico do perispírito corrigindo a anomalia, provocando pequenas alterações nos genes no transcorrer das gerações, até que o defeito ou anomalia seja corrigido.

O espiritismo não veio para desacreditar a genética ou qualquer outra ciência, mas veio para associar-se às mesmas a fim de permitir explicar numerosos fatos que a ciência, por si só, logra fazê-lo.

Formas físicas dos seres vivos

É bem conhecido o fato de que, no ser humano, todas as células físicas se desgastam e são substituídas, de sorte que, excetuando-se as células do sistema nervoso, todas as outras células são substituídas e, no espaço de aproximadamente oito anos, todas as células do organismo foram substituídas e no entanto, a criatura conserva o seus traços fisionômicos. Esta "memória" que permite a recomposição celular sem perda dos sinais fisionômicos do individuo é mais uma das propriedades do perispírito.

Como foi mencionado, a energia agregada ao corpo espiritual depende do grau de desenvolvimento moral e espiritual, do que decorre que no que diz respeito ao corpo espiritual, o que a pessoa é está estampado em sua fisionomia.

O perispírito e as influências mentais

Umas das características da "matéria espiritual" é o fato dela ser muito dócil à ação plasmatizante do pensamento. Ela sofre a ação do pensamento e se modela de acordo com as sugestões do mesmo. Isto nos permite compreender uma série de fenômenos do plano espiritual. Um deles é o fato de, estando o espírito condicionado que está doente, enferidado, ou aleijado, por mecanismos de auto-sugestões mentais, plasma em seu organismo os sinais das moléstias que acredita possuir, enferidando-se ou provocando aleijões. Basta, no entanto, libertar-se dos condicionamentos para que o organismo espiritual volte a se apresentar totalmente saudável.

Estas sugestões podem também chegar ao espírito por via indireta através de forte sugestão mental vinda de um outro espírito. André Luiz, espírito que nos escrevia através da mediunidade psicográfica de Chico Xavier, nos conta em seu livro Libertação, como uma mulher no plano espiritual, após sofrer fortes sugestões mentais hipnóticas de um outro espírito, de que era uma loba, acabou por acatar estas sugestões e as incorporou ao seu perispírito, cuja matéria espiritual se modelou de acordo com estas sugestões, e gradativamente as expressões fisionômicas dessa senhora foram se modificando até tomar a forma de uma loba.

Estes fenômenos de transformação fisionômica de espírito por sugestões hipnóticas é conhecido como licantropia. No entanto, é preciso esclarecer que esta é uma alteração provisória e não definitiva já que. depois de cessadas as sugestões hipnóticas, imediatamente o indivíduo recupera sua fisionomia humana. Portanto, não se trata, de um retrocesso evolutivo, o que nunca acontece conforme nos esclarece a doutrina espírita.

A matéria espiritual atua em um espaço diferente do nosso. Possivelmente em um espaço de mais de três dimensões. Isto nos permite compreender o porquê do corpo espiritual ou perispírito pode atravessar a nossa matéria sem impedimento. Um espírito pode atravessar as nossas paredes e as nossas portas mesmo que fechadas.

Percepções e sensações

No corpo físico, a percepção do mundo exterior é feita através dos órgãos dos sentidos, exceto o fato que nos permite perceber o meio que nos cerca através de todo o nosso organismo. Nós só podemos ouvir pelos nosso ouvidos, ver pelos olhos, degustar pelo paladar e sentir os odores pelo nosso olfato.

No entanto, no plano espiritual podem perceber o mundo espiritual através de todo o seu perispírito. Isto é, podem ver, sentir, ouvir, perceber odores e o gosto das substâncias, por qualquer parte do seu perispírito e não somente pelos seus órgõas dos sentidos.

Alguns fatos paranormais estudados pelos nossos cientistas parecem apoiar estes conceitos. Dr. César Lombroso, famoso metapsiquista italiano, teve no transcorrer de sua vida médiuns de renome à sua disposição e que lhe permitiram interessantes pesquisas e estudos. Certa feita, trabalhou com sensitivas que apresentavam uma sensibilidade exacerbada quando em estado hipnótico. Estas sensitivas, quando em transe hipnótico, eram capazes de perceber odores e sons pelas mais variadas localizações de seu corpo. Eram, por exemplo, capazes de sentir odores pelos pés ou ouvir pelos joelhos.

Se formos explicar o fato pela teoria espírita, ocorre que no indivíduo em transe hipnótico, o perispírito se expande e se exterioriza além dos limites corporais. Como a sensibilidade do perispírito é global, a capacidade de penetrar o meio externo pode acontecer em qualquer ponto do organismo. No entanto, quando o indívíduo sair do estado hipnótico, o perispírito se recolhe aos limites do corpo físico e a percepção exterior volta a ser percebida só através de sentidos físicos.

Outros fatos que também parecem cooperar para que se acredite na sensibilidade global do perispírito são as experiências conscientes de desdobramento.

O sr. Monroe, de nacionalidade americana, apresenta esta interessante caractetística de se desdobrar conscientemente. Muitas dessas experiências ele relata em seu livro Viagens Fora do Corpo.

Em uma dessas viagens, conta o sr. Monroe que andava por um determinado local quando, sem que virasse a cabeça, teve a sensação de ter visto um determinado objeto que estava situado atrás. Ao voltar a cabeça para trás, constatou a presença do objeto. Em inúmeras outras experiências de desdobramento, percebeu que poderia ver sem os olhos, até tomar consciência de que estando desdobrado e com sua consciência trabalhando em seu perispírito poderia ter uma visão de 360 graus e de que não necessitava dos olhos para ver. O "ver pelos olhos" era somente um condicionamento que adquirira com o seu corpo físico.

Locomoção aérea e luminosidade

Como já conhecemos, a matéria que compõe o perispírito dos espíritos depende do grau evolutivo do mesmo. Quanto mais evoluído, maior é a capacidade do espírito de atrair "átomos" mais sutis da matéria espiritual para formar o seu perispírito. Estes átomos mais sutis são de pouca densidade e muitas vezes emitem luminosidade. Esta baixa densidade permite a esses espíritos sofrerem uma atração gravitacional muito pequena do planeta onde se encontram, o que lhes facilita a locomoção permitindo mesmo a alguns deles a volitação, isto é, a capacidade de voarem. A luminosidade irradiada pelos "átomos" espirituais permitem a esses espíritos irradiarem luz e até mesmo poderem ser reconhecidos pelo seu espectro luminoso.

Todos os fenômenos mediúnicos acontecem graças às propriedades do perispírito.

Portanto, no perispírito se encontra a chave para o conhecimento dos fenômenos mediúnicos.

Para que aconteça o fenômeno mediúnico é preciso que o perispírito se expanda e que se exteriorize para além do corpo físico. É o que Kardec chama de exteriorização do perispírito. Assim, expandido, o persipírito passa a exibir as suas propriedades, apercebendo-se do meio espiritual que o cerca. Se essa percepção não impressionar nenhuma área específica do cérebro, o indivíduo tem uma percepção geral do plano espiritual inespecífica, que em geral lhe chega à consciência em forma de impressões emocionais como de agrado ou desagrado. Quando estas impressões conseguem impressionar determinadas áreas cerebrais, elas podem ser específicas e o indivíduo pode "ver" ou "ouvir" o mundo espiritual.

Os espíritos podem, pela sua vontade, e isto também está na dependëncia de suas aquisições evolutivas, condensar as moléculas de seu perispírito até que as mesmas se aproximem das características das moléculas da matéria física, o que permite que sejam vistos pelos médiuns videntes.

Bicorporcidade é a visualização do espírito de um vivo, isto é, um indivíduo encarnado. O indivíduo em desdobramento, ou com o seu perispírito afastado de seu corpo físico, poderá também sofrer uma condensação de suas moléculas, que se for de grande intensidade poderá impressionar até os olhos físicos de qualquer criatura, dando a impressão de que o indivíduo tem dois corpos, o que vulgarmente é conhecido como "homens duplos".

Transfiguração

O médium em transe mediúnico sofre um apagamento de seus traços fisionômicos e aparece a fisionomia da entidade comunicante.

O que parece ocorrer é o seguinte:

Há uma exteriorização do perispírito do médium além dos limites de seu corpo físico. Ocorre, por mecanismos de afinidades, uma sintonia do perispírito da entidade que deverá se comunicar. Forma-se uma atmosfera psíquica perispiritual comum entre o médium e a entidade. Através desta atmosfera perispirítica comum há uma simbiose de pensamentos, sentimentos e sensações de ambos. Em seguida, as moléculas do perispírito do médium sofrem uma condensação, formando uma névoa brumosa em torno do médium, escondendo os seus traços fisionômicos. Por mecanismos telepáticos, o médium recebe as impressões fisionômicas da entidade comunicante e o próprio psiquismo do médium impressiona o seu perispírito com os traços fisionômicos da entidade comunicante, dando a impressão ilusória de que a entidade entrou no corpo do médium. Este fenômeno é bastante raro.

Fenômeno ainda mais raro é quando o médium sofre uma transfiguração e com o seu perispírito exteriorizado e as moléculas do mesmo condensadas, permite que se veja o seu estágio evolutivo estampado em seu perispírito.

O estudo do perispírito é muito apaixonante e no conhecimento de sua natureza e propriedades, se encontra a chave que nos permite compreender uma gama enorme de fenômenos biológicos, psiquícos e paranormais.


Este artigo foi publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 25. Ao usar o texto, favor citar o autor e a fonte.